Foi uma roda diferente!
Caracterizada principalmente pela presença de novos participantes, constituiu-se
em um ótimo momento de reflexão e crítica sobre um assunto, em si, pra lá de
polêmico. E seguindo a proposta do tema, procuramos considerar todos os lados ao
abordar considerações sobre questões delicadas e de muito impasse. Tudo num
ambiente repleto de empatia, num clima de leveza e humor!
Nossa postura foi, por princípio,
a da avaliação dos dois pólos da questão: ser ou não ser?
Isto é, adotar uma postura ligada
ao estritamente “politicamente correto” nas escolhas dos textos infantis, ou
não? Por que sim? Por que não?
Munidos de textos e defesas de
ambos os lados da questão, seguimos as trilhas de cada vertente discutindo,
questionando, refletindo sobre as diversas aplicações de um assunto complexo.
Descobrimos particularidades em que julgamos dever aplicar o que é considerado
“politicamente correto” e contextos outros, nos quais vamos preferir
transgredir para levar nossas crianças a situações que provoquem nelas a sua
própria reflexão.
A nossa decisão enquanto
contadores deve ser a de seguir sempre o caminho do bom senso. Devemos estar atentos
à qualidade e ao conteúdo do que levamos para as crianças, sem contudo subestimar
as necessidades e a capacidade delas de entendimento e de reflexão do mundo.
O escritor Ilan Brenman
dedicou sua tese de doutorado a este assunto e quando questionado pela Revista
Avisa lá se devíamos poupar nossas crianças de “narrativas cujas
personagens são más, com madrastas perversas ou bruxas devoradoras de
criancinhas, deu o seguinte depoimento”:
“A personagem mais conflituosa
e com mais dificuldades costuma ser a mais interessante e a que mais chama a
atenção das crianças. Justamente porque ela expressa dificuldades e problemas
humanos, mostrando como somos. Só que faz isso metaforicamente, de maneira
segura. Precisamos de histórias de verdade, que expressem o conflito e a
complexidade da nossa existência. A violência maior está no silêncio, na falta
de palavras, naquilo que vivemos, mas não podemos expressar, no que se torna
não-dito. Quando um conto tradicional, por exemplo, é mutilado, extirpando seus
conflitos, há um impedimento que o público, seja adulto ou infantil, se reconheça
em seus personagens, e que os dramas dialoguem com o que o leitor sente. Toda
criança tem seus dramas e vive conflitos. Essa noção de que ela é pura e
precisa ser protegida é uma noção idealizada de infância. É uma visão
extremamente romantizada e distante da realidade.”
A entrevista completa encontra-se no site :
http://www.avisala.org.br/index.php/conteudo-por-edicoes/revista-avisala-39/o-politicamente-correto-nas-historias-infantis/