Um encontro muito gratificante e esclarecedor! Sim, porque iluminou uma impressionante e triste realidade: Existe uma enorme lacuna na produção de livros infantis na Bahia! Uma carência que verificamos não somente na criação e produção de textos e ilustrações voltados para o público infantil, mas também em eventos de literatura e de contação de histórias para os pequenos, assim como cursos e oficinas voltados para o desenvolvimento de contadores de histórias.
Nós, enquanto contadores de histórias e que vivemos na Bahia, devemos pesquisar mais e mais e levar essa literatura local às nossas crianças, mesmo com a carência atual. Buscar valorizar e divulgar o que aqui é produzido, como fazemos com todo o acervo "estrangeiro" de que dispomos e utilizamos. E também divulgar os eventos da área realizados em Salvador.
Nós, enquanto contadores de histórias e que vivemos na Bahia, devemos pesquisar mais e mais e levar essa literatura local às nossas crianças, mesmo com a carência atual. Buscar valorizar e divulgar o que aqui é produzido, como fazemos com todo o acervo "estrangeiro" de que dispomos e utilizamos. E também divulgar os eventos da área realizados em Salvador.
Em nossa busca de autores e produções baianas, encontramos livros infantis de autores consagrados e conhecidos da literatura adulta como Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro.
Jorge Amado escreveu "O Gato Malhado e A Andorinha Sinhá" em 1948 mas ao lermos as primeiras linhas, parece completamente atual:
"Era
uma vez antigamente, mas muito antigamente, nas profundas do passado,
quando os bichos falavam, os cachorros eram amarrados com linguiça,
alfaiates casavam com princesas e as crianças chegavam no bico das
cegonhas. Hoje, meninos e meninas já nascem sabendo tudo, aprendem
no ventre materno, onde se fazem psicanalisar para escolher cada qual
o complexo preferido, a angústia, a solidão, a violência.
Aconteceu
naquele então uma história de amor."
"O
mundo só vai prestar
Para
nele se viver
No
dia em que a gente vir
Um
gato maltês casar
Com
uma alegre andorinha
Saindo
os dois a voar
O
noivo e sua noivinha
Dom
Gato e dona Andorinha."
A história nem foi escrita para ser publicada, na verdade era um presente para seu filho João Jorge pouco antes que ele completasse 1 ano de idade. Guardado entre as coisas do menino, o texto só foi reencontrado mais de 30 anos depois. João Jorge entregou então a narrativa a Carybé, que ilustrou as páginas datilografadas. Para nossa felicidade, Jorge Amado deu-se por vencido e o livro foi publicado.
João Ubaldo Ribeiro agracia jovens e pequenos com os conselhos e a visão de mundo de seu pai no livro "Dez Bons Conselhos de Meu Pai".
"Ao longo de minha convivência com meu pai, eu fui "destilando" esses ensinamentos, a partir de conversas, repreensões, comentários sobre alguns acontecimentos familiares ou públicos. E a conduta dele, que - como costumam fazer os filhos em relação aos pais - eu admirava e procurava imitar, também me serviu de fonte para esses conselhos." - explica João Ubaldo, que viveu uma infância rodeada de livros, tanto de seu pai e quanto do seu avô.
Em nossa Roda tivemos a oportunidade de nos encantar com algumas produções da escritora baiana Iray Galrão. Dela, ouvimos "Anjinho Jojó", "Lendas Africanas" e "Bia, a nuvem que não queria chover". Este último também ilustrado pela autora com belíssimos bordados e colagens.
Uma autora que deve ser sempre lembrada por sua contribuição ao universo de contação de histórias é Betty Coelho, tanto por sua prática de autora e contadora de histórias, como de formadora de novos contadores.
Também estiveram presentes em nosso encontro os livros de Mabel Velloso e Gláucia Lemos, duas importantes autoras da literatura infantil baiana.
Nos chamou a atenção o livro "Vaporzinho", não só por sua temática (o Vapor que fazia ligação da cidade de Salvador com as cidades do Recôncavo na Baía de Todos os Santos) como também por suas belíssimas ilustrações. O livro tem um contexto histórico tratado de forma poética que valoriza e eterniza para as novas gerações alguns personagens reais da história do Recôncavo baiano. A trama mostra elementos do cotidiano das cidades conectadas pelo navio: o vendedor de sorvete, a doceira trabalhadeira, a professora dedicada. Também apresenta produtos regionais do Recôncavo Baiano, como umbu, seriguela, abacaxi, abóbora, maxixe... O autor, o designer Enéas Guerra, não é baiano, mas vive há muitos anos na Bahia e é editor de livros de produção baiana e por tudo isso foi merecidamente incluído na lista.
A lista completa dos livros compartilhados em nosso Roda Palavra de Autores Baianos de livros infantis:
Nome do livro
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Autor / Ilustrador
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A morena Guiomar
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Gláucia Lemos
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A vaca preguiçosa
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Antonio Cedraz
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Anjinho Jojó
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Iray Galrão
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As aventuras de Cecéu na terra da Poesia
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Geraldo Maia
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Atirei o pau no gato
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Antonio
Carlos Barreto
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Bia, a nuvem que não queria chover
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Iray Galrão
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Dez bons conselhos de meu Pai
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João Ubaldo Ribeiro / Bruna Assis Brasil
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Fala Menino
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Luis Augusto |
O cão azul e outros poemas
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Gláucia Lemos / Silvana Menezes
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O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
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Jorge Amado / Carybé
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O menino que virou Mestre de capoeira - Pastinha
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José de Jesus Barreto / Cau Gomez
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O trenzinho azul
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Mabel Velloso
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Quem sabe onde mora a lua?
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Glaúcia Lemos / Mariângela Haddad
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Resistência e Coragem
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Antonio Cedraz
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Vaporzinho
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Eneás Guerra / Eneás Guerra
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O próximo Roda Palavra terá como tema a autora Roseana Murray e acontecerá no dia 18 de novembro de 2013, às 14:00 h.
Contamos com sua presença.