RESENHA DE OUTUBRO - Autores Baianos de Literatura Infantil

Um encontro muito gratificante e esclarecedor! Sim, porque iluminou uma impressionante e triste realidade: Existe uma enorme lacuna na produção de livros infantis na Bahia! Uma carência que verificamos não somente na criação e produção de textos e ilustrações voltados para o público infantil, mas também em eventos de literatura e de contação de histórias para os pequenos, assim como cursos e oficinas voltados para o desenvolvimento de contadores de histórias.
Nós, enquanto contadores de histórias e que vivemos na Bahia, devemos pesquisar mais e mais e levar essa literatura local às nossas crianças, mesmo com a carência atual. Buscar valorizar e divulgar o que aqui é produzido, como fazemos com todo o acervo "estrangeiro" de que dispomos e utilizamos. E também divulgar os eventos da área realizados em Salvador.

Em nossa busca de autores e produções baianas, encontramos livros infantis de autores consagrados e conhecidos da literatura adulta como Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro.

Jorge Amado escreveu "O Gato Malhado e A Andorinha Sinhá" em 1948 mas ao lermos as primeiras linhas, parece completamente atual:

"Era uma vez antigamente, mas muito antigamente, nas profundas do passado, quando os bichos falavam, os cachorros eram amarrados com linguiça,  alfaiates casavam com princesas e as crianças chegavam no bico das cegonhas. Hoje, meninos e meninas já nascem sabendo tudo, aprendem no ventre materno, onde se fazem psicanalisar para escolher cada qual o complexo preferido, a angústia, a solidão, a violência.
Aconteceu naquele então uma história de amor."

A história foi inspirada na seguinte trova do poeta Estêvão da Escuna, que a costumava recitar no Mercado das Sete Portas, em Salvador:

"O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente vir
Um gato maltês casar
Com uma alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e dona Andorinha." 

A história nem foi escrita para ser publicada, na verdade era um presente para seu filho João Jorge pouco antes que ele completasse 1 ano de idade. Guardado entre as coisas do menino, o texto só foi reencontrado mais de 30 anos depois. João Jorge entregou então a narrativa a Carybé, que ilustrou as páginas datilografadas. Para nossa felicidade, Jorge Amado deu-se por vencido e o livro foi publicado.


João Ubaldo Ribeiro agracia jovens e pequenos com os conselhos e a visão de mundo de seu pai no livro "Dez Bons Conselhos de Meu Pai".
"Ao longo de minha convivência com meu pai, eu fui "destilando" esses ensinamentos, a partir de conversas, repreensões, comentários sobre alguns acontecimentos familiares ou públicos. E a conduta dele, que - como costumam fazer os filhos em relação aos pais - eu admirava e procurava imitar, também me serviu de fonte para esses conselhos." - explica João Ubaldo, que viveu uma infância rodeada de livros, tanto de seu pai e quanto do seu avô.


Em nossa Roda tivemos a oportunidade de nos encantar com algumas produções da escritora baiana Iray Galrão. Dela, ouvimos "Anjinho Jojó", "Lendas Africanas" e "Bia, a nuvem que não queria chover". Este último também ilustrado pela autora com belíssimos bordados e colagens.

Uma autora que deve ser sempre lembrada por sua contribuição ao universo de contação de histórias é Betty Coelho, tanto por sua prática de autora e contadora de histórias, como de formadora de novos contadores.

Também estiveram presentes em nosso encontro os livros de Mabel Velloso e Gláucia Lemos, duas importantes autoras da literatura infantil baiana.

Nos chamou a atenção o livro "Vaporzinho", não só por sua temática (o Vapor que fazia ligação da cidade de Salvador com as cidades do Recôncavo na Baía de Todos os Santos) como também por suas belíssimas ilustrações. O livro tem um contexto histórico tratado de forma poética que valoriza e eterniza para as novas gerações alguns personagens reais da história do Recôncavo baiano. A trama mostra elementos do cotidiano das cidades conectadas pelo navio: o vendedor de sorvete, a doceira trabalhadeira, a professora dedicada. Também apresenta produtos regionais do Recôncavo Baiano, como umbu, seriguela, abacaxi, abóbora, maxixe... O autor, o designer Enéas Guerra, não é baiano, mas vive há muitos anos na Bahia e é editor de livros de produção baiana e por tudo isso foi merecidamente incluído na lista.

A lista completa dos livros compartilhados em nosso Roda Palavra de Autores Baianos de livros infantis:

Nome do livro
Autor / Ilustrador
A morena Guiomar
Gláucia Lemos
A vaca preguiçosa
Antonio Cedraz
Anjinho Jojó
Iray Galrão
As aventuras de Cecéu na terra da Poesia
Geraldo Maia
Atirei o pau no gato
Antonio Carlos Barreto
Bia, a nuvem que não queria chover
Iray Galrão
Dez bons conselhos de meu Pai
João Ubaldo Ribeiro / Bruna Assis Brasil
Fala Menino
Luis Augusto
O cão azul e outros poemas
Gláucia Lemos / Silvana Menezes
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá
Jorge Amado / Carybé
O menino que virou Mestre de capoeira - Pastinha
José de Jesus Barreto / Cau Gomez
O trenzinho azul
Mabel Velloso
Quem sabe onde mora a lua?
Glaúcia Lemos / Mariângela Haddad
Resistência e Coragem
Antonio Cedraz
Vaporzinho
Eneás Guerra / Eneás Guerra

O próximo Roda Palavra terá como tema a autora Roseana Murray e acontecerá no dia 18 de novembro de 2013, às 14:00 h.

Contamos com sua presença.

RESENHA DE SETEMBRO - Letras de Músicas

E foram tantas letras, tantas palavras, tantas reminiscências ....

Nossas canções preferidas nos falam de tantas coisas, nos levam para lugares especiais em nossas memórias e nos trazem sentimentos fortes, sejam de alegria ou de tristeza ....

Mas, nosso encontro de outubro foi só alegria! Alegria em partilhar lindas letras em nossa Roda!

Letras que por nos tocarem profundamente podem e devem ser usadas em nossas atividades de leitura com adultos e idosos. Tais letras podem ajudar a levar mensagens otimistas e de elevação da auto-estima como as magníficas letras de Gonzaguinha e outros autores. Podem servir também como disparadoras de temas para conversas sobre lugares, memórias, sentimentos, pensamentos, etc.

E foi exatamente o que aconteceu em nossa Roda:


Rachel trouxe uma seleção especial de canções antigas e haja cantoria! Tais letras envolveu a todos e nos fez cantar a todo pulmão!

Heli abrilhantou o momento com um belo livro de Gilberto Gil: Todas as letras, no qual se encontram cerca de 470 letras das canções do compositor com várias notas explicativas nas quais ele descreve a razão, a inspiração ou o tema das mesmas. Um verdadeiro tesouro!


Presentes em nossa roda também estiveram as letras de Djavan, Gonzaguinha, Zeca Baleiro, Milton Nascimento, João de Barros, Fernando Brant, Almir Sater, Dorival Caymmi ...

Em alguns momentos ouvimos as letras como poemas, o que para algumas pessoas foi extremamente revelador, descortinando um novo sentido, com muito mais intensidade para velhas canções conhecidas.

Em outros momentos nos deleitamos na cantoria, nosso Roda Palavra se transformou numa agradável Roda de Seresta! E como momentos como esses favorecem os sonhos, cogitamos até em viajarmos juntos para Conservatória (RJ), a cidade da seresta.

"Porque cantar parece com não morrer 
É igual a não se esquecer 

Que a vida é que tem razão" 

                                                                              (Ednardo - Enquanto engomo a calça)

Enfim, isso é o Roda Palavra: uma roda de possibilidades, uma roda onde giram temas, autores, estilos, climas e sentimentos! Uma roda na qual nos sentimos ligados pelos elos mágicos da literatura e de toda poesia presente nas mais diversas formas e expressões!


No nosso próximo encontro vamos nos encantar com a literatura infantil produzida na bahia com o tema: Autores baianos de literatura infanto-juvenil. Dia 14 de outubro, às 14:00.
Leitor guia: Valdice

RESENHA DE AGOSTO - Livro de imagens


Sem palavras! 

Foi esse o sentimento que experimentamos na vivência maravilhosa no mundo do livro de imagens! Ficamos sem palavras que possam contar e exprimir toda a riqueza e toda emoção que foram vividas!

Entramos em contato com verdadeiras obras de arte da literatura sem texto! Conhecemos ou reencontramos grandes artistas que são autores de trabalhos delicados e sensíveis capazes de despertar muitas emoções alguns apenas com poucos traços e sem uso de qualquer cor. Outros usam a cor com maestria para revelar narrativas sensacionais ou nos levar a fazer viagens fantásticas.

A imagem por si só possui ritmo, contraste, dinãmica, direção e ainda uma série de outras características que não podem ser traduzidas em palavras. Antes mesmo de possuir um código de linguagem oral, o homem já expressava seus sentimentos e contava sua história em desenhos feitos nas paredes de cavernas.

Através das imagens, o leitor constrói, compreende e complementa a narrativa constituída apenas por imagens, e assim desenvolve um repertório próprio de questionamentos e descobertas.

E assim foi nosso encontro: repleto de surpresas,  recheado de belas imagens, questionamentos particulares e descobertas compartilhadas.


E nosso próximo encontro sai da onda das imagens para surfar nas ondas rítmicas e melodiosas das letras de músicas. Assim como as imagens, muitas letras de canções nos tocam o coração, nos contam histórias e trazem auto-conhecimento.

Então, dia 9 de setembro, às 14:00 horas teremos um encontro cheio de ritmos e sons através das canções compostas por grandes letristas e poetas.
Leitor guia: Heli Rezende

NOSSO ENCONTRO DE AGOSTO: Livros de Imagens

Livro de imagem, livro ilustrado, livro mudo, livro sem palavras, narrativas imagéticas, livro sem texto, literatura visual ... muitos são os nomes para designar livros que contam histórias apenas com imagens!


Neste encontro de agosto, vamos nos encantar com lindas narrativas visuais, apurando o sentido do olhar!

O mercado literário está repleto de belíssimas obras que se incluem nesta categoria, repletas de sentido e estética. Com este tema teremos  mais uma bela oportunidade de partilha de livros e de conhecimentos em nossa Roda.

Como "ler" um livro só de imagens para uma criança ou um adulto? Que tipo de intervenções e comentários são válidos? Quem "conta" a história? O uso da linguagem limita as possibilidades da imagem? Que posturas vão ser ampliadoras e não reducionistas? Que cuidados devemos ter para não empobrecer com palavras o valor das imagens?



Que palavras devem ser usadas para conhecermos que compreensão foi atingida?

Essas e outras questões estaremos discutindo na próxima segunda-feira, 12 de agosto de 2013, às 14:00 horas.
Leitor guia: Tom Alves

RESENHA DE JULHO - Clarice


Clarice envolve, mobiliza, desperta sentimentos. Com Clarice não existem meios-termos, meia-emoção, é tudo por inteiro, intenso, sentido. E no nosso Roda Palavra não poderia acontecer diferente, foi um belo e efusivo encontro, com discussões, polêmicas e torcidas!

"Com Clarice ocorre o fenômeno de possessão. Quem se aproxima de sua obra é devorado por ela." (Otto Lara)

Um encontro em que falamos da vida, da história de vida de Clarice, dos seus mistérios e segredos, de seus fãs e seguidores e principalmente de sua obra.

"Ler Clarice exige uma mudança de postura do leitor no modo pelo qual ele se aproxima do texto. É que o texto de Clarice pede uma escuta atenta, uma entrega de quem o lê. Clarice fala de coisas presentes no nosso dia-a-dia, o modo pelo qual reagimos aos acontecimentos mais banais, como andar na rua, olhar-se ao espelho ou conversar com um amigo. Ela nos mostra, também, outras coisas vivenciadas interiormente, aqueles momentos sem palavras dos quais só o nosso coração testemunha. Clarice escreve textos como quem vai desvelando a realidade, sondando os gestos, os olhares; tudo tão sutilmente que quando o leitor se dá conta vê-se diante de um instante mágico, especial, ao reconhecer a sua vida, a si mesmo, através daquelas palavras." (Teresa Montero) 

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

Ainda bem que tivemos esta Roda com Clarice, não podíamos deixar de passar por um tema tão rico e mobilizador! Clarice rodou a Roda e girar as nossas cabeças!

O nosso próximo tema será livros só de imagens (sem textos) para todas as idades!
Data: 12 de agosto.
Leitor guia: Tom
Vamos todos viajar só com o coração nas ilustrações de renomados artistas que "escrevem" belíssimas histórias, apenas com imagens!


NOSSO ENCONTRO DE JULHO

“Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível,
é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada” 
(Clarice Lispector)


Ler Clarice é...
"Ler Clarice é viver em permanente estado de paixão.
É uma oportunidade de mudar o seu olhar diante do universo. É estar disponível para se aventurar no seu interior de forma irracional, sem censuras. Deixar-se levar pela imaginação, pela intuição e usá-las como forma de conhecimento.(Teresa Montero)

“Eu tinha 16 anos quando chegamos a Washington, e a minha primeira impressão da Clarice foi a de todo mundo: fascinação. Com a sua beleza eslava, os olhos meio asiáticos, o erre carregado que dava um mistério especial à sua fala, e ao mesmo tempo com seu humor, e seu jeito de garotona ainda desacostumada com o tamanho do próprio corpo. O fato de que aquela Clarice era a Clarice Lispector não me dizia muito. Eu sabia que era uma escritora meio complicada, nunca tinha lido nada dela." (Luis Fernando Veríssimo)

“Ninguém escreve como ela. Ela não escreve como ninguém.”
(Alceu Amoroso Lima)


“Clarice, eu não leio você para a literatura, mas para a vida.” 
(Guimarães Rosa)


"Ela era tão bela, fiquei chocado ao encontrar uma pessoa rara que se parecia com Marlene Dietrich e escrevia como Virgínia Wolf.” (Gregory Rabassa tradutor americano – publicado no New York Times, 11 de março de 2005).


"Leitores de Clarice vivem em outra dimensão. E sou capaz de reconhecer uma leitora de Clarice a cinqüenta metros de distância, porque, como Clarice, ela não anda, vive em denso estado de levitação." 
(Affonso Romano de Sant’Anna)

Dia 08/07/2013 estaremos fazendo uma leitura para a vida bem perto deste belo coração selvagem. Vamos levitar em outra dimensão, fascinados, apaixonados, deixando-nos levar pela imaginação e nos aventurando a uma viagem interior de forma irracional e sem censuras!

Leitor-guia: Izabela

RESENHA DE JUNHO/2013 - Histórias para adolescentes

E o que antes eram dúvidas e interrogações se transformou em deliciosas respostas!


O nosso encontro foi uma animada roda de histórias! Uma profusão de histórias para agradar a qualquer adolescente, mesmo os mais viciados em games, televisão e computadores!

E como sempre, foi também um grande momento de troca de experiências, uma oportunidade valiosa que nós, contadores de histórias, temos para partilhar nossas dúvidas, emoções e conhecimento.

Ouvir outro contador é sempre uma vivência ímpar de deleite e aprendizagem. Cada contador tem seu jeito próprio, suas manhas e artimanhas para envolver o ouvinte. 



Então, maravilhados, embarcamos no trem mágico do som de suas  palavras e fazemos viagens incríveis. 

Tudo isso, faz do Roda Palavra um espaço rico, divertido e alimentador! Saímos sempre de coração pleno de alegria e a mente fervilhando de novas ideias: pequenas e grandes inspirações para nosso acervo afetivo de textos e para temperar ainda mais nossa maneira própria de contar.


E o próximo Roda não vai ser diferente. Escolhemos uma escritora fantástica, que escrevia com paixão para crianças e adultos. 
Nossa roda vai ferver na intensidade de Clarice Lispector!
Vamos todos, dia 08 de julho, ficar bem perto do coração selvagem deste grande ícone de nossa literatura.
Leitor guia: Maria Izabela

NOSSO ENCONTRO DE JUNHO


O voluntário contador de histórias abre a porta do quarto ou enfermaria no hospital e encontra um adolescente! E aí? O que ler para este adolescente???


O jovem ou a jovem faz cara de que já está grande demais para ouvir historinhas! Como abordá-lo? Como conquistar sua curiosidade ou sua confiança?


Que histórias seriam boas iscas para vencer a resistência em adolescentes que atendem aos outros muitos apelos tecnológicos da atualidade? Como resgatá-los para o mundo dos livros?



Para buscar responder a estas e outras perguntas escolhemos o tema: Histórias para adolescentes para o nosso próximo encontro, dia 10 de junho, às 14:00 horas.

Leitor guia: Tom Alves

Vamos, juntos, compartilhar e ampliar nossos repertórios para encantar adolescentes!

RESENHA DE MAIO/2013- Manoel de Barros

No dia 13 de maio nos libertamos das amarras de regras e rompemos as correntes das normas estabelecidas para sentir e desver o mundo através da poesia libertadora de Manoel de Barros. Este eterno menino, que nos convida para também o sermos e praticar um olhar diferente para a natureza e todas as coisas.

Eu tenho um ermo enorme dentro do olho. Por motivo do ermo não fui um menino peralta. Agora tenho saudade do que não fui. Acho que o que faço agora é o que não pude fazer na infância. Faço outro tipo de peraltagem. Quando eu era criança eu deveria pular muro do vizinho para catar goiaba. Mas não havia vizinho. Em vez de peraltagem eu fazia solidão. Brincava de fingir que pedra era lagarto. Que lata era navio. Que sabugo era um serzinho mal resolvido e igual a um filhote de gafanhoto.
Cresci brincando no chão, entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Eu tinha mais comunhão com as coisas do que comparação...

"Tudo que não invento é falso."

A maior riqueza do homem é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra o pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta o lápis, que vê a uva etc.etc.
Perdoai.
Mas preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.


NOSSO ENCONTRO DE 13 DE MAIO



"Poesia é a infância da língua"

Nesta segunda segunda-feira de maio, temos um encontro com a poesia desconcertante e bela de Manoel de Barros
Ao entrarmos no universo deste poeta somos surpreendidos por uma subversão dos sentidos, uma revolução das estruturas e somos levados, por nossas crianças internas, a descobrir novas imagens, a fazer novas leituras do mundo!
"Pois minha imaginação não tem estrada.
Eu não gosto mesmo de estrada.
Gosto de desvio e de desver."

"Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não uso das palavras
Fatigadas de informar.
Dou mais respeito
Às que vivem de barriga no chão
Tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou importância às coisas desimportantes
E aos seres desimportantes
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais do que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença


Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios
Amo os restos
Como boas moscas.
Queria que minha voz tivesse formato de canto
Porque não sou da informática
Eu sou da invencionática.
Só uso minhas palavras para compor meus silêncios."







OS DOIS
Eu sou dois seres. 
O primeiro fruto do amor de João e Alice. 
O segundo é letral: 
É fruto de uma natureza que pensa por imagens, 
Como diria Paul Valèry. 
O primeiro está aqui de unha, roupa, chapéu e vaidade. 
O segundo está aqui em letras, sílabas, vaidades e frases. 
E aceitamos que você empregue o seu amor em nós 

( Manoel de Barros, 2004)

Imperdível!
Vamos compartilhar nosso encantamento com a poesia de Manoel de Barros.
13 de maio - às 14 horas.
Leitor guia: Selma

RESENHA DE ABRIL/2013 - Nossas armas infalíveis de encantamento

AS HISTÓRIAS PREDILETAS DOS CONTADORES


A nossa reunião de abril foi uma tarde repleta revelações, onde cada participante mostrou o seu acervo mágico de livros que ele usa para encantar as crianças, aqueles livros que são o seu trunfo “para pescar com anzol”. E foi sensacional. Vide ao final da postagem a lista imensa de livros que foram compartilhados, e que, pelas declarações dadas, consideramos “indispensáveis” em nossas bibliotecas.
Foram muitas as leituras. Todos querendo presentear a todos com os seus tesouros. Nos deliciamos tanto com as histórias que esquecemo-nos da hora. Ficou bem claro que a qualidade do livro, do texto, da ilustração e o amor e o carinho do contador pela história e por sua leitura são essenciais para se ter uma atmosfera de encantamento na hora da contação.

Parabéns a todos por esses momentos. Foram muito gratificantes e enriquecedores.

Embora o desejo de ter um segundo encontro para darmos continuidade a esta atmosfera deliciosa tenha sido muito grande, resolvemos resistir a tentação e partir para novos conhecimentos definindo outro tema para a próxima reunião.

Ficou, portanto:

Próximo tema: Manoel de Barros (poeta) – sua vida e sua obra
Leitor-guia: Selma
Data: 13 de maio



A partir desta lista, cada um deve fazer a sua análise e a sua busca, e usá-la como uma sugestão de livros referendados por outros contadores. 



45 livros indispensáveis na biblioteca do contador:

·        A boca da noite – Sylvia Manzano / Gisele Vargas (Paulinas)
·        A cesta de Dona Maricota – Tatiana Belinky (Paulinas)
·        A fuga da gata - May Shuravel (Paulinas)
·        A mentira da barata – May Shuravel (Paulinas)
·        A roupa nova do rei
·        A vida íntima de Laura – Clarice Lispector (Rocco)
·        As tranças de Bintou  - Sylviane  Diouf (Cosac Naify)
·        Belinda, bailarina – Amy Young (Ática)
·        Cavalgando o arco-íris – Pedro Bandeira (Moderna)
·        Clifford, o cachorrão vermelho – Norman Bridwell (Cosac Naify)
·        Contos de bichos do mato (várias histórias) – Ricardo Azevedo (Ática)
·        Da pequena toupeira que queria saber quem tinha feito cocô na cabeça dela - Werner Holzwarth  (Companhia das Letras)
·        Divina Albertina – Christine Davenier (Brinque Book)
·        Eu fico É segurando o meu nariz - Gerson Murilo (Ática)
·        Eu tropeço e não desisto – Giselda Laporte Nicolelis (Moderna)
·        Filó e Marieta – Eva Furnari (Paulinas)
·        Guardachuvando doideiras – Sylvia Ortoff (Atual)
·        História de amor - Regina Coeli Rennó (Editora Lê)
·        História que ficou na memória – Nelson Albissú (Paulinas)
·        Hoje não quero banana - Sylviane Donnio (Martins Fontes)
·        Morreu Tio Eurico, Rubão ficou rico - Lylian Sypriano (Formato)
·        Na floresta do bicho-preguiça - Anouck Boisrobert e Louis Rigaud (Cosac Naify)
·        O caracol – Mary França e Eliardo França (Ática)
·        O duende da ponte – Patricia Rae Wolf  (Brinque Book)
·        O elefante caiu – Ivan Zigg (Nova Fronteira)
·        O grúfalo - Julia Donaldson (Brinque Book)
·        O homem que contava histórias (várias histórias) – Rosane Pamplona (Brinque Book)
·        O homem que não queria saber mais nada e outras histórias - Peter Bichsel (Ática)
·        O menino que foi ao vento norte – Bia Bedran (Nova Fronteira)
·        O mistério da caixa vermelha – Semírames Paterno (Editora Lê)
·        O monstro – Rosana Rios (Scipione)
·        O pescador, o anel e o rei – Bia Bedran (Editora Lê)
·        O pote vazio – Demi (Martins Fontes)
·        O Rei Bigodeira e sua banheira – Audrey Wood (Ática)
·        O velho, o rapaz e o burro (Impala)
·        Obax – André Neves (Brinque Book)
·        Os chifres de Filomena - David Small (Companhia das Letras)
·        Os três jacarezinhos - Helen Ketteman (Grupo Editorial Autêntica)
·        Quem perde ganha – Ana Maria Machado (Global)
·        Quinho – Laé de Souza (Editora Ecoarte)
·        Romeu e a fábrica de brinquedos (Ciranda Cultural)
·        Romeu e a girafa pescoçuda (Ciranda Cultural)
·        Sonhando com Tininha - Maria Cristina Gomes / Maria Carolina Lovisaro (Viva Deixe Viver)
·        Tanto, tanto - Trish Cooke (Ática)
·        Um sapatinho especial – Teresa Noronha (Moderna)
·        Uma joaninha diferente - Regina Célia de Melo (Editora FTD)

NOSSO ENCONTRO DE 08 DE ABRIL


ABRIL – NOSSAS ARMAS INFALÍVEIS!

A nossa segunda Roda do ano tem um encontro marcado com as nossos livros prediletos – as nossas  super histórias!  Aquelas que mais gostamos de contar, e recontar e recontar …. Aquelas que não podem faltar na nossa bagagem de contador....

Enfim, nossas armas infalíveis para conquistar crianças, pais, avós, médicos, enfermeiros etc.

Sabemos que todo contador traz consigo uma (ou mais) cartas na manga, trunfos que ele sabe (porque ele gosta) que vão agradar! Jóias preciosas para um primeiro contato, para a criança que está chorando, emburrada, triste, com medo …. para o adolescente resistente que acha que história é coisa de criança … para aqueles que encontramos envolvidos com a  
televisão, video-game, computador ...
Então queremos dividir essas maravilhas na nossa roda, partilhar o nosso segredinho especial! Assim, todos sairemos dessa Roda mais “equipados” com estas super armas de encantamento!

Venha e traga seu tesouro para enriquecer nossa Roda e nos encantar dia 8, segunda-feira, às 14:00 horas.


Histórias de quem conta histórias III – tecendo o fio da vida!


Queridos amigos, então começamos mais um ano do Roda Palavra e voltamos mais ávidos de muita literatura, conhecimento e partilha!

Sentimos muita alegria em rever e abraçar nossas companheiras de jornada e uma felicidade especial de ter de novo Zileide na Roda. E foi nesse clima de amizade e (re)união que demos a largada inicial em 2013.

TECENDO O FIO DA VIDA QUE UNE NOSSAS HISTÓRIAS
A palavra TEXTO vem do latim texere.
Seu significado mais antigo está conectado às palavras: entrelaçar, tecer, fazer tecido, entrançar.

Neste primeiro encontro vivenciamos um momento de reflexão sobre o nosso papel de contador: a nossa participação nesta rede tão intrincada de tantas histórias que se tocam, se cruzam, se enlaçam, que as vezes passam de raspão, algumas fazem vincos profundos, deixam marcas para sempre … Qual é a nossa responsabilidade neste ato de tecer, fiar e ao mesmo tempo sermos tecidos e construídos pelas histórias que contamos e ouvimos? O quanto nos modificamos, nos moldamos, somos tatuados por estas histórias? Afinal, somos tecido e tecelão, fio e tear, artesão e arte e receptores.





 Quanto mais lemos, mais costuramos nossos próprios caminhos.
(Ilan Brenman)

O quanto eu deixo de mim em alguém quando conto uma história? O quanto este ouvinte deixa dele em mim? O quanto somos contaminados e invadidos pelas histórias que compartilhamos juntos? No momento da contação de uma história, acontece uma história que é vivida de forma única naquele exato instante da narração!

O encontro definitivo com um livro, uma história, um filme traz revelações que vão surgindo paulatinamente ao longo de toda uma vida. A literatura trabalha com toda a experiência vital de um ser humano – e não só com o pedacinho que se pode medir.
(Yolanda Reyes)

Uma vez adultos, poderão recordar a essência dessas conversas de vida que se teciam entre as linhas de uma história. No fundo, os livros são isto: conversas sobre a vida. E é urgente, sobretudo, aprender a conversar.
(Yolanda Reyes)

Considero que esta afirmação de Yolanda Reyes sintetiza bem o que fazemos ao contar histórias e frequentar o RODA PALAVRA: dividimos belas conversas sobre a vida!

Histórias partilhadas:

- As três fiandeiras (Mitologia Grega – o destino)
- Aracne (Mitologia grega - a tecelã mortal que desafiou a deusa Atenas)
- Ananse (A aranha possuidora de todas as histórias nas narrativas africanas)
- O Minotauro (Mitologia Grega – o fio que guia)
- A moça tecelã (Marina Colasanti - “Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.”)
- Os sete novelos (Conto Africano sobre partilha).
- Os cisnes selvagens (Hans Christian Andersen - a tecitura que resgata)
- Ponto de tecer poesia (Sylvia Ortoff)
- Ponto a ponto (Ana Maria Machado)

E assim passamos nossa primeira tarde de 2013, tecendo, fiando, costurando, bordando, conversando sobre a vida …