RESENHA DE AGOSTO: Uma Roda dedicada ao humor!

Nosso agosto foi com gosto gostoso de risada e pitadas de irreverências temperadas com traquinagens, bem ao gosto de Sylvia Orthof, nosso tema do mes!

Brincadeiras, humor inteligente, Sylvia sabia usar o texto com maestria, brincar com o leitor num jogo jogado de palavras construído com o domínio de quem conhece tudo, dos bastidores à coxia, da relação autor-leitor, ator-expectador!

Esta autora moleca sabia como explorar todo o potencial do diálogo possível entre narrador e o leitor, sempre abrindo parenteses para comentários, confidências, brincadeiras e piadas inteligentes. Os jovens leitores são trazidos para bem perto, ouvido ao alcance do cochicho da autora que lhes segreda, com muito humor, constatações às vezes filósoficas, às vezes políticas, às vezes psicológicas, às vezes molecagem pura! Uma autora que usava o humor para levantar temas polemicos e tabus, questões políticas, educativas e sociais, respeitando a inteligencia do pequeno leitor e reverenciando a sua capacidade crítica.
Sylvia Orthof era livre em sua escrita, liberta dos padrões de certo e errado, sem as amarras da razão, do sentido lógico. Em seus livros propunha viagens imaginativas surpreendentes, abusava do imprevisível e nos diverte ia a valer com um non sense que faz todo o sentido!

E assim foi a nossa roda, "orthofeamos", impregnados do humor leve, gostoso e maroto desta grande autora.

Relação de Livros compartilhados na Roda (Sylvia Orthof)

Ciranda do anel e céu
Maria-vai-com-as-outras
João Feijão
Malaquias
Guardachuvando doideiras
Cadê a peruca do Mozart?
Eu chovo, tu choves, ele chove ...
Ovos nevados
Foi um ovo, uma ova
Um pipi choveu aqui (Conto com você – vários autores)
Ponto de tecer poesia
O sapato que miava
Galo, Galo não me calo
O bicho carpinteiro (Os bichos que tive)
Um elefante incomoda muita gente (Os bichos que tive)
São Francisco bem-te-vi
Mudanças no Galinheiro Mudam as Coisas por Inteiro (Contos de estimação – vários autores)

E foi tão bom, que decidimos ter bis da mesma energia, desta vez, escolhemos Tatiana Belinky, outra autora que brinca com as palavras e que tem o dom de levar humor para as crianças de várias faixas etárias. A leitora guia, e não poderia deixar de ser, será nossa eterna criança Rachel - qualquer semelhança não é mera coincidencia!

Tatiana Belinky
Dia 11 de setembro
Leitor-guia: Rachel

NOSSO RODA DE AGOSTO

Em agosto nosso Roda Palavra estará à gosto de Sylvia Orthof, escritora de textos inspirados, irreverentes e divertidos.
Sylvia se dedicava de corpo e alma ao teatro, fez de tudo nas artes dramáticas: escreveu, atuou, dirigiu e fez figurinos até que Ana Maria Machado a convenceu a escrever textos infantis. No começo ela achou que não iria conseguir, mas pegou gosto e escreveu mais de 120 livros. Muitos deles receberam prêmios importantíssimos, inclusive o Jabuti.
Como escritora quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso, provocação e arrepio. A criatividade de Sylvia Orthof jamais coube em rótulos.
Além de questionar velhos conceitos, Sylvia Orthof sempre vivia do modo como escrevia: espalhando encantamento por onde passava. Sylvia era apaixonada por jardins e flores. Aliás, a sua favorita era a Maria sem Vergonha. Sylvia revelou numa entrevista: “Gosto muito dessa flor. Lá em casa, temos uma escada, no jardim. E as flores não quiseram nascer no canteiro. Elas nasceram por entre as pedras do muro. Sempre assim. Nascem nos lugares mais impossíveis. Aí um rapaz queria cortá-las das pedras, mas eu reagi: - Não faça isso. Elas lutaram tanto por esse lugar. O jardim é uma coisa que precisa de atenção, como os livros. Mas não gosto daqueles jardins muito cuidados. Podados demais. As plantas, como as histórias, têm direito de espreguiçar onde quiserem”. E as histórias da Sylvia continuam espreguiçando, ou melhor, continuam despertando leitores de toda idade.

Esperamos todos dia 14 de agosto às 14:00 horas para uma roda que promete muita animação.

Um grande abraço.

Selma e Tom.

RESENHA DE JULHO

Nosso encontro de julho foi sensacional! Nosso tema, Rubem Alves, uma personalidade de atividades múltiplas: escritor de textos adultos e infantis, filósofo, psicanalista, educador, teólogo, nos proporcionou uma verdadeira viagem na casa da alma. Percorremos quartos, sótãos, descobrimos arcas que guardam tesouros, visitamos porões que guardam grandes medos, cômodos muitas vezes incômodos, mas importantes e necessários.

A Morte é um tema recorrente na obra de Rubem Alves e recebe dele o tratamento especial de guardiã da vida, aquela que sinaliza que a vida deve ser vivida até o último instante, apreciada, degustada até a última gota.

Outro tema frequente é a educação, sua crítica ferrenha aos métodos que são oferecidos às nossas crianças, métodos e estratégias que aprisionam, empobrecem e desestimulam o aprendizado.

E as histórias infantis não poderiam faltar!

Como sempre, a Palavra Rodou, a roda girou e rolaram muitas histórias, livros e textos.  Fizemos uso de uma boa quantidade de obras de Rubem Alves, cuja relação segue abaixo:


  • A montanha encantada dos gansos selvagens
  • A princesinha que falava sapos
  • A história dos tres porquinhos
  • A menina e o pássaro encantado
  • Como nasceu a alegria
  • A porquinha de rabo esticadinho
  • A poesia do encontro (com Elisa Lucinda)
  • Variações sobre o prazer
  • Quer que eu lhe conte uma estória?
  • A chegada e a despedida
  • A complicada arte de viver (Folha de São Paulo, 2004)
  • Sobre a morte e morrer (Folha de São Paulo, 2003)
  • Morangos à beira do abismo
  • Urubus e sabiás (do livro: Estórias de quem gosta de ensinar - o fim dos vestibulares)


Para quem foi, recordar, e para quem não foi, sentir um gostinho, segue um pequeno excerto de um texto, extremamente poético, chamado "Morangos à beira do abismo":


“Um homem caminhava por uma floresta. Estava escuro porque a noite se aproximava. De repente ele ouviu um rugido terrível. Era um leão. Ele ficou com muito medo e começou a correr”.
Mas ele não viu o caminho por onde ia porque estava escuro e caiu num precipício. No desespero da queda ele se agarrou ao galho de uma árvore que se projetava sobre o abismo. Lá em cima, na beirada do abismo, o leão. Lá em baixo, no fundo do abismo, as pedras. E foi então que, olhando para a parede do abismo ele viu que ali crescia uma planta verde que tinha um fruto vermelho: era um morango. Ele então estendeu o seu braço, colheu o morango e o comeu. Estava delicioso."

No nosso próximo encontro iremos visitar o humor crítico e divertido de Sylvia Orthof. Será mais uma tarde prazerosa de trocas e de muito aprendizado.

Sylvia Orthof
Dia 14 de agosto - 14 horas
Leitor-guia: Valdice