Nosso encontro de Dezembro/2014: Histórias que são um presente!

HISTÓRIAS QUE SÃO UM PRESENTE!!!

Como assim? Todas as histórias são lindos presentes!

E são mesmo! Mas existem aquelas, ah! aquelas especiais que quando lemos sentimos algo diferente, algo que faz vibrar todas as nossas células, algo que desperta um compreensão nova, algo que explica o que até então era inexplicável, algo que nos alivia de um peso antigo, algo que emociona não sabemos nem porque, algo que nos encanta e nos faz levitar!

Se alguma história faz alguma dessas coisas, ou várias, com você, essa é sem dúvida uma história para se oferecer como um presente nobre, aquele item do cardápio que guardamos para ocasiões especiais! E foi surpreendente que algumas histórias foram eleitas como presentes por mais de um participante da Roda.

E foram estas as histórias que escolhemos para compartilhar na nossa última Roda do ano, para fechar com chave de ouro um ano muito gratificante. 

Encerramos 2014 com nossa Roda mais bonita, mais cheia e com mais encanto com a presença dos Contadores da turma de 2014! O prazer é o mesmo de sempre, mas recebemos uma brisa nova, trazendo mais frescor e alimentando com uma energia renovada o fogo de nosso caldeirão de histórias!

Então foi uma Roda esplêndida, com Histórias maravilhosas, uma partilha gostosa, alegre, emocionante, regada no mais puro prazer de ouvir e contar histórias!

Ao final, nosso tradicional lanche de encerramento com direito a brinde de suco de uva e muita descontração! Uma delícia!



Até 2015! 

Em março nos encontraremos de novo, com mais histórias, mais experiências para partilhar e muita alegria pelo encontro!

Nosso encontro de Novembro/2014: Contos Judaicos


Shalom!

Como é um telegrama judaico?:
“Segue carta. Comece a se preocupar.”


E três judeus juntos, quantas opiniões?
"Quatro, em caso de um ser esquizofrênico."


Quando penso em Contos Judaicos a conexão imediata é com sabedoria e humor! Os contos tradicionais judaicos têm a função de ensinar, mas sempre acompanhados de uma pitada de graça e aquela pegadinha que causa um verdadeiro terremoto em nosso pensamento lógico! Movimentos sísmicos que abalam crenças, vaidades e preconceitos!

Ao longo de milênios, o povo judeu foi acumulando um verdadeiro tesouro de histórias, provérbios e anedotas, ao qual se acrescentou o trabalho de grandes escritores, e é neste universo rico e divertido que iremos mergulhar no próximo Roda Palavra. Ao pesquisar os textos, já estou rindo, rindo e me emocionando, me emocionando e aprendendo.

O BARQUEIRO

Durante uma inundação, um barqueiro estava ajudando um sábio a atravessar o rio. O tsadik (homem santo) percebeu que o pobre homem era muito ignorante e quis ajudá-lo a seu modo.
- Meu filho, você estuda os livros sagrados?
- Sou barqueiro e lenhador, meus filhos têm que comer, não tenho tempo de estudar, rabino.
- Ai de ti - lamentou o rabino. -Um judeu que não estuda perde a quarta parte da sua vida. Mas diga-me, pelo menos você recita os Salmos?
- Rebe, não posso, tenho muita lenha para carregar.
- Ai de ti. Um judeu que não recita os Salmos desperdiça uma quarta parte da sua vida. Mas suponho que fazes as tuas orações como se deve.
- Rabino, faço o que posso, minha casinha inundou e o rio levou o meu manto e o meu livro de orações.
- Ai de ti: assim você gastou outra quarta parte da sua vida.
Nesse momento o bote bateu em uma pedra e começou a fazer água.
- Rabino - disse o homem - o senhor sabe nadar?
- Nãooooo! - gritou o rabino que já estava afundando.
- Então, desperdiçaste os quatro quartos da sua vida. Mas, se o senhor segurar firme em mim, talvez eu possa levá-lo até a margem com o quarto de vida que me resta.


O humor judaico não deixa escapar nada, nem ninguém, nem mesmo Deus!


A Deus o que é de Deus

Um rabino, um pastor protestante e um padre católico, reúnem-se ecumenicamente, seguindo uma tradição local. Falam de Deus, dos seus paroquianos e da difícil tarefa que se propuseram na terra.

Comentam também a sua vida quotidiana.
– O que fazer com as contribuições dos fiéis?
– Eu – diz o padre –, resolvi o assunto desta forma: traço um círculo no chão, pego no dinheiro das esmolas e atiro-o para o círculo. O que fica dentro do círculo é para Deus, o que fica de fora, para as minhas necessidades.
– Eu – acrescenta o pastor protestante – faço algo semelhante. Traço um risco no chão e atiro o dinheiro. O que for para além do sinal é para Deus; o que não for, é para mim. E você, rabino?
– Eu? Eu resolvo diretamente com Deus. Junto todo o dinheiro e atiro-o em direção ao céu. O que Deus quer, guarda-o; o que não quer, deixa cair ao chão e fica para mim.

Nas palavras de Nilton Bonder:

"O verdadeiro humor não tem a função de ser apenas hilariante. Como as histórias nos falam de inconsciente a inconsciente, as piadas nos falam de existência a existência. Nossas angústias, dúvidas, perplexidades, insensatez e tanto mais da experiência humana são codificados não em prosa ou verso, mas em piadas. O humor judaico é, sem dúvida, uma das grandes heranças desta forma de expressão humana."


Esta é apenas uma pequena amostra do que teremos na nossa tarde do dia 10 de novembro, às 14 horas.

Esperamos vocês lá para rirmos de nossos pecados, deslizes, faltas e, assim, aprendermos um pouco mais sobre nós mesmos!

Lehitraót! (Até lá!)

Nosso encontro de Outubro/2014: Bruxas

Bruxas! Quem são elas?

Quem são essas figuras que habitam o imaginário infantil?

As bruxas estão presentes nos contos maravilhosos europeus publicados no século XVIII e desde então ganharam diversas representações na literatura infantil.

"Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, elas existem!"

Vassouras, poções mágicas, caldeirões, risadas estridentes, feitiços, são alguns itens que fazem parte da construção do imaginário popular das bruxas!


Nosso encontro de Setembro/2014: Malba Tahan

Mistérios sobre a vida deste escritor de histórias fantásticas sobre lugares distantes e exóticos!






Nosso encontro de Agosto/2014 - CORA CORALINA


Vamos passar a tarde na companhia da "Pessoa mais importante de Goiás", segundo Carlos Drummond de Andrade: CORA CORALINA.

"Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás."

Vamos explorar a vida e a obra desse exemplo de mulher, de brasileira e de escritora, contista, poeta, que teve seu primeiro livro publicado aos 75 anos de vida.

Cora nos deixou frases-ensinamentos como esses:

"O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende com a vida e com os humildes."

"Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma."

"Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina."

Resenha de Julho/2014 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O POLITICAMENTE CORRETO NA LITERATURA INFANTIL

Foi uma roda diferente! Caracterizada principalmente pela presença de novos participantes, constituiu-se em um ótimo momento de reflexão e crítica sobre um assunto, em si, pra lá de polêmico. E seguindo a proposta do tema, procuramos considerar todos os lados ao abordar considerações sobre questões delicadas e de muito impasse. Tudo num ambiente repleto de empatia, num clima de leveza e humor!

Nossa postura foi, por princípio, a da avaliação dos dois pólos da questão: ser ou não ser?

Isto é, adotar uma postura ligada ao estritamente “politicamente correto” nas escolhas dos textos infantis, ou não? Por que sim? Por que não?

Munidos de textos e defesas de ambos os lados da questão, seguimos as trilhas de cada vertente discutindo, questionando, refletindo sobre as diversas aplicações de um assunto complexo. Descobrimos particularidades em que julgamos dever aplicar o que é considerado “politicamente correto” e contextos outros, nos quais vamos preferir transgredir para levar nossas crianças a situações que provoquem nelas a sua própria reflexão.

A nossa decisão enquanto contadores deve ser a de seguir sempre o caminho do bom senso. Devemos estar atentos à qualidade e ao conteúdo do que levamos para as crianças, sem contudo subestimar as necessidades e a capacidade delas de entendimento e de reflexão do mundo.

O escritor Ilan Brenman dedicou sua tese de doutorado a este assunto e quando questionado pela Revista Avisa lá se devíamos poupar nossas crianças denarrativas cujas personagens são más, com madrastas perversas ou bruxas devoradoras de criancinhas, deu o seguinte depoimento”:

“A personagem mais conflituosa e com mais dificuldades costuma ser a mais interessante e a que mais chama a atenção das crianças. Justamente porque ela expressa dificuldades e problemas humanos, mostrando como somos. Só que faz isso metaforicamente, de maneira segura. Precisamos de histórias de verdade, que expressem o conflito e a complexidade da nossa existência. A violência maior está no silêncio, na falta de palavras, naquilo que vivemos, mas não podemos expressar, no que se torna não-dito. Quando um conto tradicional, por exemplo, é mutilado, extirpando seus conflitos, há um impedimento que o público, seja adulto ou infantil, se reconheça em seus personagens, e que os dramas dialoguem com o que o leitor sente. Toda criança tem seus dramas e vive conflitos. Essa noção de que ela é pura e precisa ser protegida é uma noção idealizada de infância. É uma visão extremamente romantizada e distante da realidade.”
A entrevista completa encontra-se no site : http://www.avisala.org.br/index.php/conteudo-por-edicoes/revista-avisala-39/o-politicamente-correto-nas-historias-infantis/

Nosso encontro de Julho/2014 - Considerações sobre o Politicamente correto

O tema é CONSIDERAÇÕES SOBRE O POLITICAMENTE CORRETO NA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS.



'Recentemente, nota-se uma tendência de levar o “politicamente correto” para as histórias e cantigas tradicionais pelo fato de elas apresentarem conteúdos supostamente inadequados ou violentos demais para as crianças.' (http://www.avisala.org.br/index.php/conteudo-por-edicoes/revista-avisala-39/o-politicamente-correto-nas-historias-infantis/)

Até onde isso é correto?
O que isso pode implicar no poder das histórias e das cantigas infantis?
A Bruxa e o Lobo devem passar a ser bonzinhos?
Atirei ou não atire o pau no gato?
Vamos banir Monteiro Lobato da leitura das crianças?



Todas essas e muitas outras questões estão no contexto desta discussão. E é isso o que queremos trazer para a nossa Roda.
Portanto, tragam os seus pensamentos sobre o tema, as suas avaliações, as abordagens que seguem, as suas experiências e opinões.




NOSSO ENCONTRO DE JUNHO (2014)


Nosso próximo Roda Palavra nos levará a uma viagem fabulosa pelas areias escaldantes do deserto ... Chegaremos a um Oásis encantado, onde encontraremos palácios, mistérios, surpresas e tesouros! 



Portanto, tragam seus tapetes voadores, suas palavras mágicas, seus mágicos, gênios, sultões, dançarinas...

Teremos uma tarde de Mil e Uma Histórias.


09 de junho, às 14 horas.
Tema: Histórias das Arábias
Leitor guia: Valdice

RESENHA DE MAIO (2014) - Histórias para Bebês

Como contar histórias para aquelas criaturinhas tão pequenas, tão curiosas e ao mesmo tempo tão dispersas? Como prender a atenção destes bebês que a todo momento são chamados por tantos estímulos visuais, sonoros e táteis do ambiente? Como o contador pode vencer tantos "concorrentes" anônimos? Como transformar a hora do conto em um momento delicioso e divertido para o contador e a criança? E se esta criança estiver hospitalizada?

E por que contar?
Ouvindo histórias a criança começa a adquirir o gosto pela leitura, amplia seu vocabulário e desenvolve a linguagem e o pensamento. Além disso, as histórias também estimulam a atenção e a memória, despertando a sensibilidade e o imaginário.

O fato é que elas adoram histórias! As crianças envolvem-se e encantam-se quando se deparam com os adultos falando com voz diferente, com um brilho alterado no olhar, movimentos ou expressões faciais incomuns. A mudança no comportamento do contador ao dramatizar os personagens da história fascina os pequenos.
Como conquistar este encantamento? É tão simples, basta deixar a nossa criança interior falar com a criança que está nos ouvindo. (tema do Roda de abril).

Algumas dicas:

Entonação - Nada é mais entediante para uma criança do que uma leitura monótona.
Ler ou contar - Tanto faz, o importante é 'viver" a história! Quando se conta, a liberdade para movimentos e uso de acessórios é maior. Já a leitura tem como uma das vantagens criar na criança a ideia de que as histórias moram nos livros. O contato com os livros é um “exercício” a ser despertado na criança desde bem cedo.
Cenário - Não é preciso muita elaboração para criar cenas. Um simples lápis que se transforma em vara de condão ou um lenço que vira uma capa mágica são capazes de encantar a criança. A contadora de histórias Silvia Lohn prende a atenção da garotada com legumes. "Beterrabas são as princesas. O pimentão é o sapo e o alho-porro, o rei", conta. Os alimentos funcionam bem com as crianças de 2 ou 3 anos. As mais velhas sabem que uma batata é uma batata.
Respeito à vontade - Não obrigue a criança a ouvir histórias quando ela não quer.
Tintim por tintim - Tente não mudar o enredo das histórias. Crianças pequenas pedem que se repita várias vezes a mesma história. Esperam determinadas partes só para confirmar que as ouviram antes. É assim que também vão compreendendo melhor o conto.
Criando clima - Não vá direto contando histórias. Converse, esgote as ansiedades infantis, brinque com palavras, perguntas para entrar no clima.
No meio do caminho - Prepare-se para interrupções. Nada mais gostoso que curiosidade de criança, use isso a favor da história e da interação. Você pode estimular mais ainda devolvendo as perguntas para a criança.
História de quê? - Varie os gêneros. Até os 3 anos, a garotada assimila melhor enredos com crianças, bichinhos, brinquedos ou animais com características humanas, ou seja, que falam e têm sentimentos. Mas vale arriscar outros enredos.
Tempo - Criança pequena não tem paciência com história longa. Gosta de figura, pouco texto e exige mais da criatividade do contador para manter-se atenta. As maiores já conseguem se concentrar por mais tempo. Tenha livros com histórias de vários tamanhos.
Imagens e sons - Os bebês são mais influenciados pelas imagens (sejam as figuras em livros ou aquelas criadas pela fala do contador) e por sons, melodias do que pelo conteúdo do texto em si.

BIBLIOGRAFIA DE “HISTÓRIAS PARA BEBÊS”
(Sugestões dos participantes do Roda Palavra – Maio/2014)

O sapinho divertido  (Jack Tickle) – Ciranda Cultural
Esconde-esconde – Tuco, o tigre (Lidiane Caetano) – Editora Rideel
Esconde-esconde – Fredy, o cachorro (Lidiane Caetano) – Editora Rideel
Tanto, tanto (Trish Cooke) – Editora Ática
101 Dálmatas, filhotes por todo lado - Editora DCL
O Mundo da Criança – Editora Delta
Coleção “O que é o que é?” (Guido Van Genechten) – Editora Global
            - É uma rã?
            - É um caracol?
            - É um gato?
            - É um rato?
Na Floresta (Kait Eaton) – Editora Zastrás
Na Fazenda (Kait Eaton) – Editora Zastrás
O caracol (Mary França e Eliardo França) – Editora Ática
Coleção Pop-Up Divertido – Editora Libris
   - A vida Na Fazenda (Sílvia Morales)
    - Quem sou eu? Animais Selvagens
    - Quem sou eu? Insetos
Sancha, la burrita (Peter Lawson) – Editora Sigmar
En La Selva – Editora Sigmar
Animais da Fazenda (livro de pano) – Editora Leitura
Brincando com o Sr. Jaca (Jo Lodge) – Editora ABCpress
Quem está escondido na casa? (David Crossley) – Editora Ciranda Cultural
O Palhaço Biduim (Bia Bedran) – Editora Nova Fronteira
O Ovo (Ivan e Marcello) – Editora Nova Fronteira
E o dente ainda doía (Ana Terra) – Editora DCL
Tem Gato na Tuba (Braguinha e Alberto Ribeiro) – Companhia Editora Nacional
O caso do bolinho (Tatiana Belinky) – Editora Moderna
Ruidos baho la cama (Mathis) – Editora Pípala



Bibliografia recomendada por Yolanda Reyes 
(Educadora e pesquisadora Colombiana),
 no livro “A casa imaginária – Leitura e literatura na primeira infância”:

- Caixa de surpresas (Claudia Ramos) – Editora Global
- Um Elefante (Claudia Ramos) – Editora Global
- A bruxinha e o Godofredo (Eva Furnari) – Editora Global
- A bruxinha atrapalhada (Eva Furnari) – Editora Global
- A flor do lado de lá (Roger Mello) – Editora Global
- Feliz Aniversário, Lua (Frank Asch) – Editora Global
- O passeio de Rosinha (Pat Hutchins) – Editora Global
- Uma boa cantoria (Ana Maria Machado) – Editora FTD
- Trem de Ferro (Manuel Bandeira) – Editora Global
- Vento (Elma) – Editora Global

2014 - RESENHA DE ABRIL - Histórias que contam histórias IV - A Voz da Minha Criança

Em nossa primeira Roda de 2014, como sempre, escolhemos um tema em que o contador fosse o foco, em mais uma de suas nuances, desta vez, a criança presente no adulto de cada um de nós.

A proposta surgiu a partir de uma contadora que nos trouxe o livro Palavra de Criança como sugestão de um tema para o Roda Palavra.
Usamos o livro como fonte de inspiração para criar a temática do encontro, agregando autores que trazem essa essência de ser criança em seus textos.
Assim, inevitavelmente visitamos Manoel de Barros, o poeta mais criança que conhecemos! Sylvia Orthof também não poderia faltar!
E assim vieram também para Roda: Betty Coelho, Tom Alves, histórias pessoais e muita partilha!


Uma boa história é contada de "criança para criança". Ou seja, quando um contador de histórias conta com o coração, é a criança interna dele que está falando com a criança do ouvinte, mesmo que este cronologicamente não seja uma criança.
É a criança do contador chamando a criança do ouvinte para brincar.




"Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa"  
(Carl Gustav Jung)



A criança é aquela fonte de energia que vive dentro de nós e nos impulsiona para o novo, a curiosidade que nos mobiliza para arriscarmos novas experiências e novos caminhos. Sem a presença da criança em nós, a vida vai ficando cada vez mais chata, cinza e sem graça.
As crianças brincam, e assim aprendem um monte de coisas. Assim, a criança em nós nos ensina a abrir mão do peso, porque quando carregamos esse peso nas costas fazemos as coisas com muito mais dificuldade do que faríamos se estivéssemos leves e livres para simplesmente fluir com a vida. 
E foi assim, a nossa tarde: leve, fluída e cheia de adultos-crianças brincando e se divertindo com a beleza da vida!

[Malaquias] quando se cansa deita no infinito,
estende a rede, é todo criança,
entre perguntas ele se balança,
nunca responde o porquê do longe,
no seu mistério ele se esconde,
fica debaixo do chapéu de lua,
no teu olhar ele talvez flutua
quando imaginas o que acreditas,
pois tantas lendas podem ser tão fadas,
se escutadas ... ficam mais bonitas!

O Malaquias faz parte de mim
É meu espirro quando digo "SIM"!

In MALAQUIAS - Sylvia Orthof - Ed. Quinteto Editorial

RESENHA DE DEZEMBRO (2013) - Objetos que contam histórias

Para fechar o ano, escolhemos um tema que pudesse explorar nossas memórias pessoais através de Objetos que nos contam histórias
Cada um dos participantes foi convidado a fazer uma viagem trazendo um objeto especial representativo de uma história ou momento marcante em sua vida.


Assim, fomos envolvidos em muitas histórias, algumas engraçadas, outras curiosas, outras sérias e todas, todas nos levaram a conhecer um pouco mais dos nossos colegas de Roda. Tivemos muitos momentos de risos e alguns nos emocionaram bastante.


A Roda, logo de início, nos instigou muita curiosidade, levados que fomos pelas peculiaridades de alguns objetos sobre os quais já elucubrávamos alguma história em nossa imaginação, mas que somente foram reveladas com os depoimentos das pessoas que os levaram.


Foi um momento gostoso de partilha, de comunhão de reminiscências e maior aproximação entre nós. Compartilhamos histórias, confiamos segredos e demos boas risadas.
Fechamos o ciclo de 2013 com um brinde ao Roda Palavra, à nossa atividade de contadores e à nossa amizade.

RESENHA DE NOVEMBRO (2013) - Roseana Murray

Nosso encontro foi leve e gracioso como a poesia de Rosena. Fomos levados a nos sentir numa roda de crianças docemente embaladas por suas palavras, pela melodia e temática de seus poemas.


"Digo como Neruda, poeta que amo: para nascer nasci. Para fazer poesia, amar, cozinhar para os amigos, para ter as portas da casa e do coração sempre abertas. Nasci num dia quente de dezembro, em 1950, dois meses antes do previsto, numa clínica em Botafogo. Sou filha de imigrantes poloneses, Lejbus Kligerman e Bertha Gutman Kligerman, que vieram para o Brasil antes da Segunda Guerra fugindo do antissemitismo. Passei a infância no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro.
Gosto de mato e silêncio, não sou nada urbana. Durante muitos anos vivi em Visconde de Mauá, mas troquei Mauá por Saquarema em 2002, já que uma cirurgia na coluna tornou a montanha quase intransponível. Mas o meu filho André Murray continua lá tocando as suas árvores e panelas no Restaurante Babel : ele é Chef de Cozinha. Meu outro filho é músico,  o Guga . Ele  vive em Granada , na Espanha e tem um trio no Brasil, o Um Trio Vira-Lata. Eles são filhos do meu primeiro casamento. Desde 1997 estou casada com o Juan Arias, jornalista e escritor . Tenho muitos livros publicados e leitores de todas as idades, aliás não acredito em idade, mas sim em experiências vividas. Fico muito feliz quando penso que um poema que escrevi aqui na minha mesa, sozinha, chega a lugares tão distantes e emociona tanta gente." (
Roseana Murray)



NEBULOSAS

Tem pessoas que amamos
de amor tão intenso
que com seus gestos-palavras
vão fabricando nebulosas
dentro do corpo da gente

Poemas de Céu, ed. Paulinas, ilustrações de Mari Ines Piekas

A PALAVRA É DE PRATA E O SILÊNCIO É DE OURO

O silêncio é uma caixa
imensa onde cabem
e ressoam
todas as palavras
e há que pescá-las com cuidado.
Existem as redondas
e macias,
palavras vaga-lumes,
que iluminam a boca
de amor e doçura,
e outras com espinhos,
essa é melhor deixar
no fundo da caixa do mundo.

Dentro do silêncio
as palavras iluminadas
nadam
como peixes dourados.

In: Quem vê cara não vê coração, ed. Callis & Instituto Houaiss, 2012




DANÇA
Então a vida é uma dança
de fogo
com a nossa sombra?
Sentimentos explodem,
um incêndio a cada passo.
Como entrelaçar
todas as músicas
que me habitam?



In Roseana Murray – Poemas para ler na escola, Ed. Objetiva, 2011