RESENHA DE DEZEMBRO: CECÍLIA MEIRELES


Nossa última roda de 2012 foi simplesmente sensacional!!!!

Fechamos com chave de ouro com a poetisa, educadora, pintora, cronista, enfim, com essa mulher tão especial e talentosa, que é Cecília Meireles.


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Entre “Ou isto ou aquilo”, ficamos com tudo e mais um pouco do universo das suas poesias e suas crônicas, que lemos e ouvimos nesta tarde fantástica. Uma roda de amigos gostosa, aos sabores e lembranças dos lanches e das memórias nossas infâncias.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Histórias trocadas, reminiscências compartilhadas, poesias declamadas, crônicas que nos divertiram, encantamentos que nos inspiraram e reafirmaram em todos nós o desejo e a vontade de viver essa roda em 2013, 2014 .... enquanto nos for possível.

Roda gira, gira a roda, “giroflê, giroflá”, não queremos deixar a roda parar de girar.

Estiveram presentes em nossa roda, além de Cecília, Gonzaguinha, Gonzagão, Gil, Caetano, Chico, uma “velhinha rabugenta” (presente recebido ontem por Heli e muito apreciado), muitas lembranças da infância, mães, pais, tios, avós, enfim, girou de tudo nesta roda! Nos deixamos livres e à vontade para percorrer passado, presente e futuro!

Para finalizar, presenteamos uns aos outros com belas mensagens escritas com muito carinho, de contador para contador, melhor ainda, de amigo para amigo!

“Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.”

É essa a roda da vida. É essa a vida no Roda.

Um grande abraço, boas festas e um ano novo novinho cheio de invenções e muitas rodas!

Tom e Selma

RESENHA DE NOVEMBRO: BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS


Foi para todos nós um grande presente mergulhar na obra, no pensamento e no universo da palavra de Bartolomeu Campos de Queirós. Mesmo para aqueles que já conheciam dele algum texto ou livro, a descoberta da riqueza instigante e inspiradora do que ele deixou foi de deixar a todos fascinados. Cada vez que nós líamos e ouvíamos as suas ideias ficávamos encantados com a simplicidade e ao mesmo tempo a profundidade com que ele pensou, trabalhou e batalhou pela disseminação e popularização da literatura e pela busca de uma melhor qualidade da educação brasileira.

Bartolomeu defendeu a necessidade de a escola redescobrir o seu papel de formação e transformação do indivíduo, de como formar crianças leitoras, do encantamento que as palavras causam, da literatura como um lugar de dúvidas.

“Devo o meu gosto pela palavra também ao meu avô. Talvez ele tenha me alfabetizado. Meu avô morava em Pitangui, uma cidade perto de Papagaio, ganhou a sorte grande na loteria e nunca mais trabalhou. Ele cultivou uma preguiça absoluta. Levantava pela manhã, vestia terno, gravata e se debruçava na janela. Todo mundo que passava falava: “Ô, seu Queirós!”. Ele falava: “Tem dó de nós”. Só isso. O dia inteiro. Tudo o que acontecia na cidade, ele escrevia nas paredes de casa. Quem morreu, quem matou, quem visitou, quem viajou. Fui alfabetizado nas paredes do meu avô. Eu perguntava que palavra é essa, que palavra é aquela. Eu escrevia no muro a palavra com carvão, repetia. Ele ia lá para ver se estava certo. Na parede da casa dele, somente ele podia escrever. Eu só podia escrever no muro. Esse meu avô tinha um gosto absoluto pela palavra e era muito irreverente.” (...)

“Meu avô tinha um encantamento com as palavras. Eu fui aprendendo com ele a cultivar esse encantamento. Já fui criado com a metáfora. Tive uma infância junto com as metáforas.” (...)

 “A metáfora é muito interessante para o escritor. A metáfora é onde o escritor se esconde e põe asas no leitor. Pela metáfora, eu me escondo, mas ao mesmo tempo ponho asas no leitor. Vai aonde você quiser. Você está livre para romper com tudo. Acho que o leitor é tão criador quanto o escritor. O leitor cria muito. Você gosta de uma obra não pelo que está escrito, mas pelo lugar que ela o levou a pensar. Isso é muito interessante. Michel Foucault fala que o que lemos não é a frase que está escrita. Lemos o silêncio que existe entre as palavras. É ali que a literatura se faz.” (...)

“Acho que a criança quando entra na escola, não aprende porque vai prestar concurso, vestibular, nada disso. Ela aprende para ser amada por aquele que sabe. E o professor é aquele que sabe e ela quer ser amada por aquele que sabe. Acho que a aprendizagem no início da infância está na ordem puramente do afetivo.” (...)

... “Ouvir uma música tão bonita às vezes pode arrepiar o meu corpo. Então, ouvir também é tátil. No gosto, posso acordar a memória. Então, o homem é uma coisa inteira, não é dividida em apenas cinco sentidos. Quando se trabalha com a infância é muito bom nos policiarmos sobre o olhar que destinamos ao outro e que muitas vezes interdita o outro. Não permite que a liberdade se faça ali. As crianças precisam muito de nós, adultos. Elas precisam muito de nós para crescer e elas sabem disso. É importante e bom fazermos essa leitura.” (...)

“O homem é o único animal que pode ser educado. Todos os outros animais podem ser adestrados. Educar pressupõe deixar o outro ser dono do seu próprio destino. A educação se faz pela liberdade. Liberdade que você dá ao outro para que ele escolha o seu destino. Vejo que os processos de educação, o que chamamos de escola, não deixam de ser processos de adestramento. Não é uma educação plena, é um processo de adestramento. É uma criança sujeita ao desejo do professor. E é o professor sujeito ao desejo do poder político. Então, a criança é sem autonomia. Ela deveria ser o senhor da coisa. No entanto, é o objeto. A escola não forma o leitor de literatura. A escola só ensina.” (...)


“A escola brasileira, da década de 1960 para cá, ficou unicamente tentando ensinar só o que é mensurável. Entrou no regime da economia, dos números. Há coisas na educação que não podem ser mensuráveis, são intuitivas, estão no campo da percepção, do afeto. Isso foi tudo jogado fora.
... não se pode falar de honestidade porque não é mensurável; não se pode falar de fraternidade e amor, pois não são mensuráveis. A literatura, como não é mensurável, perde totalmente o sentido.” (...)

“É muito interessante porque quando começa a ditadura, a literatura se torna muito importante. Todas as escolas liam uma história considerada literatura. Era uma história de um passarinho que estava preso em uma gaiola e todo o dia de manhã a criança levantava, trocava o alpiste, a aguinha, e o passarinho cantava, cantava. Um dia, o menino esqueceu a porta aberta e o passarinho voou e foi para cima de uma árvore. Aí, cai uma chuva forte e ele precisa se esconder em uma calha do telhado, vem um gato e avança. Ele corre para o esgoto e vem um rato. Até que o passarinho não agüenta essa liberdade e volta para a gaiola, fecha a portinha e continua cantando muito feliz. É isso que a ditadura quis falar que era literatura. Isso circulou no Brasil de cabo a rabo. Era a grande obra literária.” (...)

E foi assim, entre suas histórias e seus pensamentos, que passamos uma tarde sem nem perceber o tempo passar: Foi um “Tempo de Vôo”! Suas palavras fascinam e, encantados, ficamos querendo mais e com certeza mais encantamentos viriam. Gostaríamos de incitar a todos a buscar mais de Bartolomeu, suas idéias, sua forma ímpar de escrever e dialogar com o leitor. Uma boa dica, para começar, é acessar o link abaixo:
http://rascunho.gazetadopovo.com.br/bartolomeu-campos-de-queiros/

Procure também informações sobre o Movimento por um Brasil Literário idealizado por ele. Quem quiser fazê-lo pode entrar no site (www.brasilliterario.org.br).


Próximo Roda Palavra

Tema: Cecília Meireles
Dia: 04 de dezembro – 14:00 horas
Leitor-guia: Valdice


NOSSO ENCONTRO DE 06 DE NOVEMBRO


Vou deixar nas palavras do autor o gostinho de quero mais! 
O desejo de saber mais sobre esse universo intrigante, instigante, inspirador que é Bartolomeu Campos de Queirós, um artesão delicado da palavra!

“Literatura é uma conversa sobre as dúvidas. É uma conversa sobre as delicadezas, sobre as faltas. (...)  A literatura é o lugar da falta.”

“Quando dói muito, escrevo. Quando pesa muito, eu escrevo.”

A metáfora é onde o escritor se esconde e põe asas no leitor.”

“Acho que o leitor é tão criador quanto o escritor.”

“Lemos o silêncio que existe entre as palavras. É ali que a literatura se faz.”

"Todo real é uma fantasia que ganhou corpo. É a fantasia que inaugura o novo no mundo.”

Os textos de Bartolomeu interrogam a vida, a passagem do tempo, os enigmas da existência. Ressaltam, sobretudo, a infância como momento propício para as descobertas. Já dá para sentir o que nos espera nesta terça-feira. Então não percam esta ótima oportunidade de conhecer mais deste fantástico escritor e entrar em contato com a fantasia poética de sua literatura.


Dia 06 de novembro às 14:00 horas.

Um grande abraço
Selma e Tom.

RESENHA DE OUTUBRO: HISTÓRIAS DA NOSSA INFÂNCIA

UMA RODA DEDICADA ÀS LEMBRANÇAS...

No mês das crianças fomos buscar reminiscências de nossas crianças internas, mergulharmos em nossas lembranças da infância para recuperar nossas histórias preferidas do passado! Deixamo-nos assim ser envoltos por uma onda gostosa e divertida de nostalgia partilhada!

O tema abriu nossas caixinhas de memórias e serviu também para nos aproximar mais, ao dividirmos nossos tesouros prediletos, nossas relíquias preciosas do passado.

Apesar de infâncias bem distintas: em Salvador, Rio de Janeiro, Xique-Xique, Conceição do Almeida, urbanas/rurais, famílias grandes/famílias pequenas, descobrimos elos em comum que nos levaram ao gosto pelas histórias e despertaram em nós a vocação pelo trabalho que realizamos. Percebemos que tivemos em comum o desejo pelo livro, mesmo quando ele não existiu, e o amor pelas histórias!

Alguns levaram livros antigos, verdadeiras relíquias de mais de quarenta anos. Outros memórias antigas e registros recentes feitos de fragmentos do passado. Outros ainda levaram novas edições substitutas de antigos tesouros.
Dessa forma, viajamos no tempo por velhos gibis, livros de Monteiro Lobato, romances juvenis como o Pequeno Lord, poemas da coleção Mundo da Criança, histórias narradas de encantamentos e assombração, cantigas, brincadeiras e poesias maternas. Muitas lembranças de mães, tias, amas e avós contadoras de histórias.

Entre as reminiscências despertadas pelo tema (sentimentos, sons, imagens, cheiros, sabores) vieram à tona saudades de nossas merendas da infância. Ficou como proposta e o desejo de levarmos esses lanchinhos em dezembro, no último Roda Palavra do ano.

Para novembro escolhemos como tema o premiadíssimo escritor Bartolomeu Campos de Queirós.

Próximo Roda Palavra

Tema: Bartolomeu Campos de Queirós
Dia: 06 de novembro – 14:00 horas
Leitor-guia: Selma

NOSSO ENCONTRO DE 16 DE OUTUBRO



No mês das crianças, nosso encontro nos trará reminiscências de quando éramos crianças – o tema será: Histórias da nossa infância.

Buscaremos no baú de nossas memórias, histórias, contos, livros, revistas, causos etc. que preencheram nossa infância de encantamentos e diversão. Histórias que marcaram nossa infância e que até hoje nos fazem companhia. Histórias que não esquecemos, histórias que marcaram nossa formação, histórias que contamos e recontamos para nossos filhos, sobrinhos, netos e em nossas atividades de contação.

Então convocamos todos para essa viagem no tempo! Dia 16 de outubro às 14 horas!

Um grande abraço

Selma e Tom.

RESENHA DE SETEMBRO: A Emília de carne e osso


Nosso encontro de setembro foi memorável, uma tarde com a cara de Tatiana Belinky: muita leveza, humor, irreverência e boas lições de vida!

A autora possui uma história de vida realmente invejável: muito rica de cultura, literatura e principalmente LIBERDADE!!! Liberdade de vida, desde cedo outorgada por seu pai, liberdade para se expressar conquistada por conta própria, liberdade para escrever e fazer suas escolhas de vida!

Uma mente brilhante, criativa, consciente da importância do escritor como formador de idéias e da responsabilidade política e educativa do ato de escrever, principalmente quando se trata de crianças.

Tatiana é também, do alto de seus 93 anos, uma prova estimulante de como se pode continuar sendo produtivo e criativo mesmo em uma idade em que muitos já estão há muito tempo “aposentados”!

 “Eu disse presente. E amei!!! 

Realmente enriquecedor. Contar histórias não é apenas ler um livro para alguém. Cada leitura que fazemos é um ato político (Tatiana nos diz isso) e poderemos contribuir para formar, informar, deformar ou conformar. Só poderemos ter esta consciência se possuirmos o conhecimento e o Roda tem sido um espaço para isso. Estou na estrada da contação desde 2004, arvorando inclusive a orientar outros contadores e posso afirmar que ontem aprendi muito. (Além de dar boas risadas!!!) Um cheiro para todos. (Heli Rezende) 


“Fico também muito feliz em fazer parte deste grupo. Fico me sentindo outra cada vez que participo. É enriquecedor mesmo!” (Maria Izabela)

Histórias compartilhadas na Roda:

 O caso do bolinho
Diversidade
O Gato professor
O Gato de Botas
O rei que só queria comer peixe
A cesta de dona Maricota
O galinho apressado
As três respostas

A sensação de liberdade, alegria e infância nos invadiu de tal forma que decidimos buscar as lembranças da nossa infância para compartilhar no próximo encontro.

Histórias da nossa infância
Dia 16 de outubro
Leitor-guia: Tom Alves

NOSSO ENCONTRO DE 11 DE SETEMBRO

Atenção porque castelos vão ruir, torres vão desabar neste 11 de setembro porque teremos outra grande dama da irreverência presente em nossa Roda: Tatiana Belinky!

“Vocês não vão me perguntar qual é meu último livro? Jornalista adora perguntar isso e eu adoro responder: como assim, último? Vocês só vão conhecer o último quando eu morrer…”

A frase acima, acompanhada de uma sonora e boa gargalhada, é da escritora Tatiana Belinky, 93 anos, russa, radicada no Brasil há mais de oitenta anos, e uma das autoras de literatura infantil e juvenil mais profícuas da atualidade, com centenas de livros publicados.

Mas o tempo parece não ter passado para ela. Neste ano, Tatiana já lançou dois livros. Escreve todos os dias, sempre à mão (diz que os computadores não gostam dela). Adora receber meninos e meninas em sua casa, no bairro do Pacaembu (zona oeste de São Paulo).
"Eu me entendo com as crianças. Encontrá-las deixa a gente nova."

O segredo de tamanha longevidade? Um palpite: o bom humor, aliado a uma curiosidade excepcional pelo novo. Dona de inteligência extremada, Tatiana gosta de uma boa conversa e de alfinetar os incautos que fazem perguntas que carecem de discernimento.

Perguntada se  sente saudade de algo, ela responde prontamente: “Não sei… saudade pode ser boa e pode ser ruim… Dizem que essa é a palavra mais bonita da língua portuguesa, mas na minha opinião as mais bonitas são poesia e fantasia”.

Então preparem-se para o melhor, porque teremos uma roda cheia de poesia, fantasia, bom humor e irreverência! Dia 11 de setembro às 14 horas!

Um grande abraço

Selma e Tom

RESENHA DE AGOSTO: Uma Roda dedicada ao humor!

Nosso agosto foi com gosto gostoso de risada e pitadas de irreverências temperadas com traquinagens, bem ao gosto de Sylvia Orthof, nosso tema do mes!

Brincadeiras, humor inteligente, Sylvia sabia usar o texto com maestria, brincar com o leitor num jogo jogado de palavras construído com o domínio de quem conhece tudo, dos bastidores à coxia, da relação autor-leitor, ator-expectador!

Esta autora moleca sabia como explorar todo o potencial do diálogo possível entre narrador e o leitor, sempre abrindo parenteses para comentários, confidências, brincadeiras e piadas inteligentes. Os jovens leitores são trazidos para bem perto, ouvido ao alcance do cochicho da autora que lhes segreda, com muito humor, constatações às vezes filósoficas, às vezes políticas, às vezes psicológicas, às vezes molecagem pura! Uma autora que usava o humor para levantar temas polemicos e tabus, questões políticas, educativas e sociais, respeitando a inteligencia do pequeno leitor e reverenciando a sua capacidade crítica.
Sylvia Orthof era livre em sua escrita, liberta dos padrões de certo e errado, sem as amarras da razão, do sentido lógico. Em seus livros propunha viagens imaginativas surpreendentes, abusava do imprevisível e nos diverte ia a valer com um non sense que faz todo o sentido!

E assim foi a nossa roda, "orthofeamos", impregnados do humor leve, gostoso e maroto desta grande autora.

Relação de Livros compartilhados na Roda (Sylvia Orthof)

Ciranda do anel e céu
Maria-vai-com-as-outras
João Feijão
Malaquias
Guardachuvando doideiras
Cadê a peruca do Mozart?
Eu chovo, tu choves, ele chove ...
Ovos nevados
Foi um ovo, uma ova
Um pipi choveu aqui (Conto com você – vários autores)
Ponto de tecer poesia
O sapato que miava
Galo, Galo não me calo
O bicho carpinteiro (Os bichos que tive)
Um elefante incomoda muita gente (Os bichos que tive)
São Francisco bem-te-vi
Mudanças no Galinheiro Mudam as Coisas por Inteiro (Contos de estimação – vários autores)

E foi tão bom, que decidimos ter bis da mesma energia, desta vez, escolhemos Tatiana Belinky, outra autora que brinca com as palavras e que tem o dom de levar humor para as crianças de várias faixas etárias. A leitora guia, e não poderia deixar de ser, será nossa eterna criança Rachel - qualquer semelhança não é mera coincidencia!

Tatiana Belinky
Dia 11 de setembro
Leitor-guia: Rachel

NOSSO RODA DE AGOSTO

Em agosto nosso Roda Palavra estará à gosto de Sylvia Orthof, escritora de textos inspirados, irreverentes e divertidos.
Sylvia se dedicava de corpo e alma ao teatro, fez de tudo nas artes dramáticas: escreveu, atuou, dirigiu e fez figurinos até que Ana Maria Machado a convenceu a escrever textos infantis. No começo ela achou que não iria conseguir, mas pegou gosto e escreveu mais de 120 livros. Muitos deles receberam prêmios importantíssimos, inclusive o Jabuti.
Como escritora quebrou tudo quanto é estereótipo na literatura infantil brasileira, com o seu texto desobediente, esmerado, abusado, feito de riso, provocação e arrepio. A criatividade de Sylvia Orthof jamais coube em rótulos.
Além de questionar velhos conceitos, Sylvia Orthof sempre vivia do modo como escrevia: espalhando encantamento por onde passava. Sylvia era apaixonada por jardins e flores. Aliás, a sua favorita era a Maria sem Vergonha. Sylvia revelou numa entrevista: “Gosto muito dessa flor. Lá em casa, temos uma escada, no jardim. E as flores não quiseram nascer no canteiro. Elas nasceram por entre as pedras do muro. Sempre assim. Nascem nos lugares mais impossíveis. Aí um rapaz queria cortá-las das pedras, mas eu reagi: - Não faça isso. Elas lutaram tanto por esse lugar. O jardim é uma coisa que precisa de atenção, como os livros. Mas não gosto daqueles jardins muito cuidados. Podados demais. As plantas, como as histórias, têm direito de espreguiçar onde quiserem”. E as histórias da Sylvia continuam espreguiçando, ou melhor, continuam despertando leitores de toda idade.

Esperamos todos dia 14 de agosto às 14:00 horas para uma roda que promete muita animação.

Um grande abraço.

Selma e Tom.

RESENHA DE JULHO

Nosso encontro de julho foi sensacional! Nosso tema, Rubem Alves, uma personalidade de atividades múltiplas: escritor de textos adultos e infantis, filósofo, psicanalista, educador, teólogo, nos proporcionou uma verdadeira viagem na casa da alma. Percorremos quartos, sótãos, descobrimos arcas que guardam tesouros, visitamos porões que guardam grandes medos, cômodos muitas vezes incômodos, mas importantes e necessários.

A Morte é um tema recorrente na obra de Rubem Alves e recebe dele o tratamento especial de guardiã da vida, aquela que sinaliza que a vida deve ser vivida até o último instante, apreciada, degustada até a última gota.

Outro tema frequente é a educação, sua crítica ferrenha aos métodos que são oferecidos às nossas crianças, métodos e estratégias que aprisionam, empobrecem e desestimulam o aprendizado.

E as histórias infantis não poderiam faltar!

Como sempre, a Palavra Rodou, a roda girou e rolaram muitas histórias, livros e textos.  Fizemos uso de uma boa quantidade de obras de Rubem Alves, cuja relação segue abaixo:


  • A montanha encantada dos gansos selvagens
  • A princesinha que falava sapos
  • A história dos tres porquinhos
  • A menina e o pássaro encantado
  • Como nasceu a alegria
  • A porquinha de rabo esticadinho
  • A poesia do encontro (com Elisa Lucinda)
  • Variações sobre o prazer
  • Quer que eu lhe conte uma estória?
  • A chegada e a despedida
  • A complicada arte de viver (Folha de São Paulo, 2004)
  • Sobre a morte e morrer (Folha de São Paulo, 2003)
  • Morangos à beira do abismo
  • Urubus e sabiás (do livro: Estórias de quem gosta de ensinar - o fim dos vestibulares)


Para quem foi, recordar, e para quem não foi, sentir um gostinho, segue um pequeno excerto de um texto, extremamente poético, chamado "Morangos à beira do abismo":


“Um homem caminhava por uma floresta. Estava escuro porque a noite se aproximava. De repente ele ouviu um rugido terrível. Era um leão. Ele ficou com muito medo e começou a correr”.
Mas ele não viu o caminho por onde ia porque estava escuro e caiu num precipício. No desespero da queda ele se agarrou ao galho de uma árvore que se projetava sobre o abismo. Lá em cima, na beirada do abismo, o leão. Lá em baixo, no fundo do abismo, as pedras. E foi então que, olhando para a parede do abismo ele viu que ali crescia uma planta verde que tinha um fruto vermelho: era um morango. Ele então estendeu o seu braço, colheu o morango e o comeu. Estava delicioso."

No nosso próximo encontro iremos visitar o humor crítico e divertido de Sylvia Orthof. Será mais uma tarde prazerosa de trocas e de muito aprendizado.

Sylvia Orthof
Dia 14 de agosto - 14 horas
Leitor-guia: Valdice


NOSSO ENCONTRO DE 10 DE JULHO

'"Carpe Diem" quer dizer "colha o dia". Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.' 1


Na próxima terça-feira (10/07/2012) conversaremos sobre a vida e a obra de Rubem Alves - psicanalista, educador, teólogo e escritor. Autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis.


"Eu gostaria de ser muitas coisas que não tive tempo e competência para ser. A vida é curta e as artes são muitas. Gostaria de ser pianista, jardineiro, artista de ferro e vidro - talvez monge. E gostaria de ter sido um cozinheiro. ...
A culinária leva a gente bem próximo das feiticeiras. Como a Babette (A festa de Babette) e a Tita (Como água para chocolate)..."
2

'Minha alma é um quarto onde os objetos mais estranhos estão colocados, um ao lado do outro, sem ordem, sem nenhuma intenção de fazer sentido. Por oposição à sala, onde cada objeto está colocado numa ordem precisa em relação aos outros, no quartão do mistério não há ordem, não há arranjo: cada objeto é um universo completo, não depende dos outros. E está explicada a razão para a minha profissão de psicanalista: é que cada pessoa, com sua sala de visitas limpa e ordenada, aberta à visitação geral, tem um fascinante quarto de mistério onde só se penetra roubando a chave. Minha profissão é roubar chaves... E até mandei gravar em madeira as palavras de um verso de Drummond: "Trouxeste a chave?"' 3

1,2,3: Textos extraídos do site oficial do escritor: http://www.rubemalves.com.br/

Já deu pra perceber que nosso tempo vai ser pouco para viajarmos na diversidade das palavras e pensamentos de Rubem Alves.
Esperamos vocês, dia 10 de julho, às 14:00, tenho certeza que vai ser mais um encontro inesquecível!

Um grande abraço

Selma e Tom

RESENHA DE JUNHO


“Quem ensinasse os homens a morrer, os ensinaria a viver”.
                                    Michel de Montaigne


Nossa reunião de junho, sobre o tema A morte na literatura infantil, nos proporcionou uma viagem muito reflexiva sobre a vida e a morte. As discussões movimentaram toda a roda e a contribuição dos participantes foi muito expressiva, através de livros e textos e posicionamentos.
Apesar da seriedade e do embaraço que o tema pode causar a todos, as exposições dos participantes mostraram que, de qualquer forma, a temática nos leva a ter uma posição diante de suas questões.


"Até a morte, tudo é vida" – Miguel de Cervantes





Os diversos livros, trazidos pelos participantes, deram o toque especial ao nosso momento, pois trouxeram narrativas poéticas a uma questão tão complexa. Enfim, foi uma reunião leve, descontraída, bem-humorada com espaço para reflexões sérias. 
Falar de morte não precisa ser necessariamente pesado e triste. 
Algumas histórias lidam com o assunto de maneira bem engraçada!
A conclusão geral é de que o tema deve, sim, ser levado às crianças, mesmo hospitalizadas. Devemos ter cuidado e bom senso em como abordar o tema ou ler um conto, uma história. Devemos levar em consideração a idade, o grau de cognição e o estado em que se encontra a criança. Buscar sempre levar a verdade, sem subterfúgios nem floreamentos que as deixem mais confusas e distantes da compreensão do tema, que muitas vezes elas já tem, mas que nós, adultos, desconhecemos ou não damos importância.

Foi mais uma vez uma reunião muito proveitosa e rica. Com certeza saímos dela com mais indagações e questões a serem trabalhadas.

Heli nos brindou com uma coletânea de textos sobre o tema, extraídos de diversas fontes, que enriqueceram grandemente a discussão da nossa Roda.

Livros presentes na roda:


  • Menina Nina – Ziraldo
  • Meu filho pato - várias histórias de vários autores, reunidas por Ilan Brenman
  • Silêncio – Ilan Brenman
  • Por que Elvis não latiu? – Robertson Frizero
  • De Morte – Angela Lago
  • Contos de espantar a morte – Ricardo Azevedo
  • Será o Benedito – Mário de Andrade
  • História de uma folha – Leo Buscaglia
  • O pato, a morte e a tulipa – Wolf Erlbruch
  • A morte e o rei  (do livro 23 histórias de um viajante) - Marina Colasanti
  • O pintor do céu  (do livro Lá vem histórias) – Heloisa Pietro

O textos levados por Heli foram extraídos dos seguintes livros:

Histórias que curam – Rachel Naomi Remen
O livro tibetano do viver e do morrer – Sogyal Rinpoche
Uma arte de cuidar (Estilo Alexandrino) – Jean-Yves Leloup

A nossa próxima reunião será dia 10 de julho e o tema será "Rubem Alves" com Heli como leitora guia.

Um grande abraço a todos e até lá.
Selma e Tom.

NOSSO ENCONTRO DE 12 JUNHO

Nosso encontro de junho será no dia dos namorados, e nossa roda então celebrará a vida e o amor de uma maneira bem diferente, falando sobre a morte.

“A morte nos ensina a transitoriedade de todas as coisas”.
 Leo Buscaglia

Quase uma continuidade natural do tema do encontro anterior, quando falamos da velhice e do processo de envelhecimento na literatura infantil, discutiremos em junho, como a morte e as perdas são passadas para as crianças e adolescentes através dos livros.

Existem muito livros que abordam este tema e que ajudam os adultos, geralmente tão confusos e embaraçados com esta temática, a falar do assunto com as crianças. Se a morte é a única, verdadeiramente a única certeza que temos desde o nosso nascimento, por que tanta dificuldade para aceitá-la como processo natural e cíclico da vida?

Como a literatura infantil entra nessa confusão emocional? Como devemos falar da morte com as crianças? Como a literatura pode ajudá-las a lidar com as perdas cotidianas, e até mesmo a morte recente ou vindoura de uma pessoa amada? Como a literatura pode ajudá-las a enfrentar os medos e receios diante da própria morte?

Devemos ler livros que falem de morte para as crianças? O tema as deixará assustadas? Vai abalá-las emocionalmente? Ou devemos falar da morte só de forma indireta para não aterrorizá-las?

O assunto é polêmico e levanta muitas questões religiosas, filosóficas e psicológicas que, inclusive, põem à prova nossa postura diante da morte!

Como diz sabiamente o Dalai Lama, "Quando morremos, nada pode ser levado conosco, com a exceção das sementes lançadas por nosso trabalho e nosso conhecimento".
Vamos então falar sobre a morte, que é também uma questão da vida, e plantar nossas sementes!

Um grande abraço e até terça em nossa Roda com o tema "A Morte na Literatura Infantil"!

Selma e Tom

RESENHA DE MAIO


 INFÂNCIA E VELHICE NA LITERATURA INFANTIL

Nossa Roda de Maio teve como tema: “Infãncia e Velhice na Literatura Infantil”. Valdice, a leitora-guia do mês, introduziu o tema apresentando um interessante trabalho chamado “Infância e Velhice atadas pela Literatura Infantil” (http://www.graudez.com.br/litinf/trabalhos/ufrj1.htm) de CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA.
 
Os contos, as histórias, a literatura refletem uma visão de mundo temporal, espacial e social, e assim podemos verificar diversas formas de descrição da velhice e da infância, e de suas relações ao longo do tempo.

A autora do texto citado identifica as diferentes representações do velho constantes na literatura infantil, em quatro grupos principais:

·        Sozinho e companheiro de molecagens;
·        Sábio e contador de histórias;
·        Registro e perda de memória;
·        Bruxos e misteriosos.

Através da literatura infantil a criança entra em contato com o conceito de velhice e os processos de envelhecimento, que contemplam em si processos de perda e aquisições vinculados ao envelhecer.

Dessa forma encontramos nos livros de literatura, que representam a velhice, imagens de perda de vitalidade, de saúde e a morte, assim como encontramos a aquisição de sabedoria e a transmissão de saberes. Verificamos que o tema é abordado de diversas maneiras, desde a forma poética, passando pelo humor, ironia, crítica, melancolia .... a partir do olhar da criança, do adulto e do velho.

Conceber a velhice significa penetrar em sua casa, compreendendo da melhor maneira possível todo o seu ser”. (Agostinho Both – Fundamentos Filosóficos)

Esta imagem está presente em diversos livros nos quais a criança literalmente entra na casa de um velho para entrar em contato com esta realidade. É o caso, por exemplo, do livro “O menino e a colcha de retalhos” de Liana Leão, lido por Valdice na Roda.

É importante prestarmos atenção ao modelo cultural referente à velhice que está sendo passado para as crianças, seja na família, na escola, na mídia, ou na literatura. Qual a mensagem que estamos passando para nossas crianças a respeito do envelhecer e da velhice? Que conceitos e pré-conceitos estão sendo vinculados diariamente para as crianças?

O primeiro olhar para o ser que envelhece é apenas o olhar para o externo e a ele nos apegamos com maior freqüência e ênfase esquecendo que somos muito mais do que a aparência revela.

O envelhecimento é um fenomeno complexo, pois diferentemente se envelhece no corpo, na alma e diante dos outros. As funções biológicas, psicológicas e sociais podem apresentar características diferentes e a marcha do envelhecimento ser diferente em cada uma delas e em cada uma ser diferenciado o envelhecimento”. (Agostinho Both – Fundamentos Filosóficos)

Nossa roda foi, uma vez mais, um momento agradável de troca de conhecimentos, pensamentos e principalmente leituras! Muitos livros foram levados para Roda (cujas capas estão espalhadas nesta postagem), e lemos o máximo que nos foi possível, limitados pelo tempo. Mas queríamos mais! O tema é muito rico e abre um grande leque de discussões.

Para o próximo encontro, o tema escolhido, a pedido dos presentes, foi A Morte na Literatura Infantil. Outro tema extremamente rico e de certa forma, bem próximo ao discutido neste mês.

Um grande abraço a todos e até o próximo Roda Palavra.