Nosso encontro de Junho/2015 - Meus Casos e "Causos" enquanto Voluntário

Em junho tivemos como objetivo fazer um encontro de diversos voluntários da Santa Casa da Bahia para compartilharmos casos e causos de nossa experiência enquanto voluntários.

Foi uma tarde bastante agradável entre contadores e ouvidores de histórias, quando então tivemos a oportunidade de conhecer mais e melhor o trabalho de nossos colegas voluntários. Além de nos aproximar, estreitar nossos laços de afinidade, esses encontros nos enriquecem muito e neles constatamos a diversidade e potencialidade de nosso trabalho: o quanto temos feito, o quanto ainda podemos fazer e como podemos torná-lo ainda melhor e mais prazeroso. Através do conhecimento das práticas de nossos colegas, podemos visualizar novas possibilidades também para nossas ações.

Outro ponto importante é que esse espaço de encontro é também o espaço onde podemos dividir dúvidas, incertezas, dificuldades, obstáculos e receber ajuda tanto emocional quanto em forma de dicas de estratégias de superação por companheiros que já passaram por situações e sentimentos semelhantes. Afinal, na maior parte do tempo, estamos frente a frente com as dores e angústias de pacientes internados e seus familiares, assim como de idosos em instituições de abrigo.

Neste encontro ouvimos relatos sensacionais de "ouvidores" que fazem um trabalho belíssimo de resgatar memórias, registrá-las e reescrevê-las com encantamento! Esses voluntários, tais como arqueólogos em sítios vivos de histórias, procuram pistas, escavam recordações, provocam memórias e as devolvem "encantadas" aos seus donos, repletas de dignidade e valor. Tal tarefa resgata o valor de pessoas fragilizadas pela doença ou pela idade, mostrando que todos nós somos possuidores de ricas histórias que ora divertem, ora emocionam, ora trazem ensinamentos, ou tudo isso junto em um só depoimento.

Tivemos contato com ouvidores que realizam um projeto primoroso numa determinada instituição para idosos com um planejamento anual, em que cada encontro tem um tema pré-definido e em consonância com os desejos das "senhorinhas". Esse trabalho elabora um resgate de autoestima trazendo para o idoso uma releitura e uma ressignificação do seu passado, sua história, mesmo que este passado tenha sido doloroso e deixado marcas profundas. Ele faz com que esse idoso se sinta novamente protagonista, atuante, em uma fase na qual ele está provavelmente fadado a uma vida mais passiva.

No hospital, essa atividade de ouvidor é extremamente importante porque dá oportunidade de voz até mesmo àqueles que nunca a tiveram. Para alguns a escuta atenciosa do ouvidor serve de alento às dores e desconfortos, para outros ouvir-se e ler sua própria história funciona como um revigorante de forças para superar a doença e os desafios pós alta, para outros é uma última oportunidade de falar sobre si, como um confessionário ou testamento.

A qualidade desses trabalhos dos ouvidores é tão grande que sonhamos vê-los publicados, para que não se percam as histórias "encantadas" e se preserve e divulgue a metodologia criada e o processo de todo o trabalho e, dessa forma, possam ser replicados por outras pessoas ou grupos.

Além dos relatos dos projetos, ouvimos também casos e "causos" interessantes, divertidos, surpreendentes dos voluntários contadores de histórias.

Enfim, foi uma tarde agradável, instrutiva e muito proveitosa.